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CULTURA

Criador de super-herói representa a Paraíba em projeto nacional de HQs

João Luiz Vital e seu personagem Homem-Trator integram a HQ 'Protocolo: A Ordem'.

Publicado em 30/07/2016 às 16:01

Mike Deodato, Emir Medeiros, Shiko. A Paraíba tem grandes nomes no cenário dos quadrinhos a nível nacional e internacional. Agora surge uma nova geração no Estado e entre os principais destaques temos João Luiz Vital, de 22 anos. O paraibano atua profissionalmente com quadrinho desde os 15 anos e já realizou diversos trabalhos para produtoras, inclusive algumas dos Estados Unidos.

O primeiro reconhecimento nacional surgiu quando o paraibano foi convidado para participar do projeto de HQs, intitulado 'Protocolo: A Ordem'. O jovem é criador do Homem-Trator, idealizado em 2007, quando ele tinha apenas 13 anos. O Super-Herói paraibano tem super força e resistência descomunal, que adquire ao usar o colar do deus egípcio Osíris. "Fui convocado por Elenildo Lopes, criador do Capitão Red. E foi uma honra ele me considerar um dos principais autores de quadrinhos independentes do Brasil", disse o quadrinista.

A HQ é uma edição que reúne mais de 40 super-heróis brasileiros, e também conta com Velta, personagem do paraibano Emir Medeiros. A publicação foi financiada através do apoio de fãs por meio de financiamento coletivo. A história conta com heróis de autores de vários estados do Brasil. O objetivo da aventura inédita é levar uma história e arte de qualidade e, principalmente, dar a oportunidade ao grande público de conhecer melhor os personagens brasileiros, alguns já veteranos no mercado e outros inéditos.

Inicialmente orçado em R$ 35 mil, e com desenhos do paraense Joe Bennett, o projeto não conseguiu atingir a meta. Ao passar por uma revisão de orçamento e, ao notarem a qualidade dos artistas que agregavam o projeto, um novo planejamento foi traçado e orçado em R$ 14 mil, dessa vez contando com o financiamento coletivo através do Catarse. 'Protocolo: A Ordem' alcançou 109% da meta na plataforma, e tornou-se uma realidade, com lançamento nacional em maio deste ano. O álbum foi idealizado por Elenildo Lopes, tem roteiro de Thiago Da Silva Mota, desenho e arte final de Ton Marx, cores de Lunyo Alves de Souza e José Amorim Neto, com edição de Daniel Arcos.

João Luiz faz questão de salientar a cultura paraibana em seus quadrinhos e fica notório o zelo cultural na fala dos personagens quando inclui gírias e sotaques locais. Inclusive, na HQ o recurso é utilizado.

Homem-Trator

O personagem foi criado em 2007, durante as aulas do ensino fundamental de João Luiz. "Criei o personagem quando era apenas um estudante do ensino fundamental. E comecei a passar os fanzines e as revistas, que fazia em casa, para os colegas de classe e também publicava no meu blog pessoal", contou. O verdadeiro nome do Homem-Trator é Breno, um estudante paraibano. O personagem tem super-força, uma resistência descomunal e seu capacete, chamado Ankhmet, é usado como uma coroa do planeta Ankh, local onde os deuses habitam.

Junto com o Homem-Trator, foi criada a personagem Shirley, que recebe poderes especiais de feiticeira, super-força e a habilidade de voar, quando usa o colar da deusa egípcia Ísis. Sophia, nome verdadeiro da personagem, é namorada de Breno, e eles se conheceram na escola.

O desenho

Os traços na vida de João Luiz começaram muito cedo. O menino era incentivado pela mãe a rabiscar para ficar tranquilo quando tinha 3 anos de idade. "Era quase uma terapia, para onde eu ia sempre levava os lápis e papéis. Quando ele chorava, eu dava os materiais, e aí ele se acalmava", relembrou Marinês Vital, mãe de João Luiz. "E eu adorava", destacou João.

Os pais são os maiores incentivadores do jovem talento paraibano. "Sempre houve o incentivo dos meus pais. Minha mãe, por exemplo, sempre comprou materiais de desenho, me acompanha em eventos e premiações, e está por dentro de tudo da minha carreira", relatou o quadrinista.

João Luiz é adepto do estilo comics, bastante identificado com o traço de histórias em quadrinhos norte-americanas de super-heróis, feito por editoras como Marvel e DC Comics. O jovem paraibano conta que há preconceito no Brasil em relação a esse estilo de desenho.

"O brasileiro tem muito essa coisa de falar que super-herói não é essa coisa da cultura brasileira. Sempre temos cara torta, e ouvimos e lemos comentários do tipo 'Vocês estão fazendo coisa da cultura americana', e não é bem assim", alegou.

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Jornal da Paraíba

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