COTIDIANO
Delegação brasileira dá adeus a Pequim com participação histórica
Com herói na natação e feitos inéditos, país tem o seu melhor desempenho com 14 medalhas de ouro.
Publicado em 18/09/2008 às 9:33 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:43
GLOBOESPORTE.COM
Os Jogos Paraolímpicos de 2008 chegaram ao fim e o Brasil tem um novo herói: o nadador Daniel Dias conquistou nada menos que nove medalhas, sendo quatro delas de ouro. Ele subiu ao pódio em todas as provas que disputou e bateu três recordes mundiais, além de um paraolímpico. E foi apenas a sua primeira participação no evento.
Mas o atleta não é o único motivo de orgulho para os brasileiros. Afinal, a delegação bateu seu recorde e trouxe 47 medalhas no total, sendo 16 de ouro – outra marca histórica. Além do show verde-e-amarelo na natação e no atletismo, que teve em Lucas Prado a sua maior estrela, algumas modalidades renderam medalhas inéditas para o país, como a bocha e o tênis de mesa. Como resultado, o Brasil terminou a competição na nona colocação, a melhor do país na história dos Jogos.
Confira o quadro de medalhas com os 20 primeiros colocados dos Jogos de 2008!
Em Atenas, há quatro anos, o Brasil conseguiu 33 medalhas, com destaque absoluto para Clodoaldo Silva, que levou seis ouros e uma prata. Para Pequim, o Comitê Internacional Paraolímpico resolveu mudar a categoria do atleta de S4 para S5, em uma decisão surpreendente. Na nova classe, o nadador não conseguiu bons resultados em provas individuais, e levou apenas uma prata e um bronze nos revezamentos 4x50m medley e 4x50m livre. Mesmo assim, o país fez história e se despede da China com seu melhor desempenho nas Paraolimpíadas. Confira, abaixo, as principais conquistas brasileiras nos Jogos de Pequim:
Cubo d’Água verde-e-amarelo
Se Michael Phelps roubou a cena nas Olimpíadas, os Jogos Paraolímpicos também contaram com uma estrela no Cubo d’Água: Daniel Dias. O atleta da categoria S5 subiu quatro vezes no degrau mais alto (100m e 200m livre, nos 50m costas e nos 200m medley), mais quatro no segundo (50m livre, 100m costas, 50m borboleta e no revezamento 4x50m medley - até 20 pontos, quando nadou com Ivanildo Vasconcelos, Luis Silva e Clodoaldo Silva) e uma vez no mais baixo (revezamento 4x50m livre, ao lado de Clodoaldo Silva, Adriano Lima e Joon Seo), tornando-se o maior medalhista brasileiro dos Jogos.
André Brasil, da S10, não ficou muito atrás do amigo e também deu show ao conquistar quatro ouros e uma prata. Ele encabeçou duas dobradinhas brasileiras com Phelipe Rodrigues, nas provas de 50m e 100m livre (com direito a recorde mundial nas duas), além de ter sido campeão nos 400m livre e 100m borboleta - as duas com recorde paraolímpico. O nadador também garantiu o segundo lugar nos 200m medley.
As mulheres também ajudaram a colorir o Cubo de verde-e-amarelo e levaram o país ao pódio paraolímpico na natação feminina pela primeira vez. Com Fabiana Sugimori nos 50m livre S11, Edênia Garcia nos 50m livre S4 e Verônica Almeida nos 50m borboleta S7, a natação brasileira garantiu três bronzes em Pequim e ficou a apenas três medalhas de seu melhor desempenho nas Paraolimpíadas.
Lucas Prado cumpre promessa e brilha no atletismo
Vem do atletismo outro grande nome do Brasil nos Jogos de 2008: Lucas Prado. O velocista da classe T11, para deficientes visuais, foi a Pequim em busca de três ouros e cumpriu sua promessa. Nos 100m e nos 200m rasos, não deu chance aos concorrentes e ainda bateu os recordes mundiais das provas. Nos 400m, desbancou o atual recordista para brihar mais uma vez nos Jogos.
No feminino, a grande estrela foi Terezinha Guilhermina, que se despede da China com uma medalha de cada cor. Bronze nos 400m (T12), ela ficou decepcionada com a prata na sua especialidade, os 100m rasos (T11). Na terça-feira, se redimiu ao superar a favorita e conquistar o ouro nos 200m (T11).
Além das medalhas douradas, o país conquistou uma prata com sabor de ouro no revezamento 4x100m da classe T42-46. Além disso Shirlene Coelho fez bonito no lançamento de dardo e também levou a prata, assim como Tito Sena, na maratona da classe T46. O Brasil ainda subiu ao pódio mais cinco vezes para comemorar o bronze: duas com Odair Santos (5.000m da classe T13 e 10.000m da T12), duas na classe T11 ( Ádria Santos nos 100m e Jerusa Santos nos 200m) e uma na T46 (Yohansson Nascimento (100m).
Tenório vira lenda no judô
E se o assunto é herói paraolímpico, ninguém pode deixar de falar de Antônio Tenório. O judoca lutou na categoria até 100kg e conquistou sua quarta medalha de ouro nos Jogos. É isso mesmo, Tenório já havia sido campeão em Atlanta (96), Sidney (2000) e Atenas (2004). O veterano não deu chances para ninguém e ganhou todas as suas lutas por ippon.
As mulheres também fizeram sua parte e levaram a bandeira brasileira para o pódio: Karla Cardoso, na categoria até 48kg, e Deanne Silva, acima de 70kg, conquistaram uma medalha de prata cada; e Michelle Ferreira (até 52kg) e Daniele Silva (até 57kg) ganharam o bronze.
Ouro inédito na bocha
Parece até filme. O Brasil nunca tivera um representante na bocha paraolímpica. Dois atletas, Dirceu Pinto e Eliseu Santos, foram para Pequim disputar três medalhas, no torneio individual e em dupla. Pois Dirceu levou o ouro sem perder nenhum jogo no simples; e Eliseu só foi derrotado pelo compatriota, na semifinal: acabou com a medalha de bronze.
Nas duplas, não teve para ninguém. Com vitórias memoráveis nas semi e final, contra República Tcheca e a tradicional Portugal, os novatos subiram mais uma vez no pódio, no degrau mais alto.
Vitória emocionante no futebol de cinco
Campeão em Atenas-2004, o time brasuca de futebol de cinco (deficientes visuais) chegou a Pequim como favorito e não decepcionou, garantindo sua presença na final. Na decisão, porém, uma surpresa: a China, dona da casa, saiu na frente. No entanto, a equipe verde-amarela se impôs, e, faltando apenas um minuto para o fim da partida, garantiu o bicampeonato e o 16º e último ouro brasileiro em Pequim.
Tênis de mesa valente
As esperanças estavam todas voltadas para Luiz Algacir Silva e Welder Knaf, já que os outros nove mesa-tenistas brasileiros haviam sido eliminados nos torneios individuais e de equipe. A semifinal do torneio por equipes, classe 3, era contra a maior potência da modalidade, a China, mas a dupla verde-e-amarela não teve medo e conseguiu eliminar os anfitriões por 3 a 2. Depois disso, ninguém ligou muito para a derrota na final para a França. Afinal, foi a primeira medalha brasileira na história do tênis de mesa paraolímpico.
Bronzes no hipismo e no remo
Montando o Luthenay de Vernay - cavalo que ganhou de presente do cavaleiro Doda - Marcos Alves, também conhecido como Joca, conseguiu duas medalhas de bronze na categoria Ib: no estilo livre com música e adestramento individual.
Das pistas para a água: os remadores Elton Santana e Josiane Lima superaram as dificuldades geográficas - ele mora em Salvador e ela, em Florianópolis - para fazer bonito em Pequim e conquistar o terceiro lugar na prova do skiff duplo misto, classe TA.
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