CULTURA
LPs de Juarez ganham edições em CD
Pela Primeira vez, saxofonista Juarez Araújo, tem seus três primeiros e fenomenais discos reeditados em CD pela 'Discobertas'.
Publicado em 08/09/2012 às 6:00
Pouco conhecido, mas muitíssimo cultuado por músicos e apreciadores da bossa nova, o saxofonista Juarez Araújo (1930-2003) tem seus três primeiros e fenomenais discos reeditados em CD pela primeira vez. Via Discobertas, chegam às lojas O Inimitável Juarez (1962), Bossa Nova nos States (1962) e Masterplay Goes to New York (1963), álbuns lançados originalmente pela Masterplay.
Nascido em Surubim (PE), Juarez foi um dos grandes improvisadores – para alguns, o maior – da chamada fase de ouro da música brasileira, ali pelos anos 1960. Tenorista de marca maior, acabou exportado para os Estados Unidos, mas nem lá, nem cá, acabou tendo o reconhecimento merecido.
Lá fora, Juarez acabou ofuscado por um colega americano, que embarcou na onda da bossa nova e fez sucesso com um disco considerado clássico, Jazz Samba, lançado pela Verve em 1962, ano em que Juarez estreava discograficamente.
“Um dia, em 1963, escutei o famoso LP Jazz Samba, de Stan Gertz e (o guitarrista) Charlie Byrd, que estava estourado nos EUA”, escreveu Ruy Castro, autor de Chega de Saudade – A História e as Histórias da Bossa Nova (1990). “Não achei nada de mais. Sabe por quê? Porque já havia escutado o Bossa Nova nos States, o disco em que Juarez Araújo inverteu a equação para 'samba jazz' e fundou um novo idioma”.
Marcelo Fróes, produtor executivo das reedições e criador do Discobertas, lamenta que a grande mídia nunca tenha dado o devido valor à Juarez, mas ressalta que ele nunca foi esquecido pelos fãs e estudiosos como Ruy Castro (que o ajudou a localizar a família para as devidas autorizações).
“Ao conhecer os três discos e pesquisar sobre Juarez, vi na internet que a reedição dos discos em CD era algo que ele próprio queria muito. Infelizmente, ele não viveu pra ver, mas a família topou de imediato e ficou muito feliz. Missão cumprida”, comentou Fróes, em e-mail à reportagem.
Fróes não acha que Juarez tenha chegado a inspirar músicos como Stan Gertz. “Juarez já vinha com uma boa experiência desde os anos 50, tocando em orquestra de emissoras como narram os textos originais de contracapa que reproduzimos.
Acredito, sim, com o sucesso mundial de Stan Getz tocando bossa nova, ele tenha se animado de mostrar como fazer bossa nova com sax e conjunto”.
Os discos, além do repertório remasterizado, reproduzem o encarte original, com créditos e textos de especialistas como Clóvis Mello, Sylvio Tullio Cardoso e Sérgio Porto, que além de versarem sobre a obra em questão, são verdadeiras aulas de música.
Comentários