POLÍTICA
'Deixa a polícia trabalhar', diz Luceninha sobre acusação de venda de mandato a Leto Viana
Polícia Federal tem indícios de que Luceninha vendeu o comando da prefeitura para Leto Viana.
Publicado em 03/04/2018 às 15:45 | Atualizado em 03/04/2018 às 19:43
“Deixa a polícia trabalhar”. Foi dessa forma que o ex-prefeito de Cabedelo, na Grande João Pessoa, Luceninha respondeu ao JORNAL DA PARAÍBA após ser indagado sobre a investigação da Polícia Federal que apura se ele vendeu o mandato ao prefeito Leto Viana (PRP). O fato foi revelado nesta terça-feira (3) após a deflagração da Operação Xeque-Mate, que prendeu o prefeito, cinco vereadores, entre eles o presidente da Câmara, e mais cinco pessoas.
Eleito em 2012, Luceninha renunciou ao mandato em 2013, menos de um ano após assumir. Na época ele alegou problemas pessoais para largar o cargo. No entanto, na coletiva desta terça-feira, quando foram divulgados os detalhes da Xeque-Mate, Polícia Federal e Ministério Público da Paraíba (MPPB) afirmaram que o ex-presidente da Câmara, Lucas Santino, delator peça-chave na investigação, revelou que Luceninha vendeu o mandato a Leto por R$ 5 milhões. A negociação envolveria também o empresário Roberto Santiago, proprietário de shoppings em João Pessoa
“A Polícia Federal já está fazendo a investigação, ela tem total competência para isso. Deixa a PF apurar, eu tenho minha consciência tranquila”, disse Luceninha, após a reportagem insistir para que ele comentasse a acusação. “Eu já sofri muito, minha família já sofreu muito”, ressaltou o ex-prefeito, que também se negou a falar se o 'sofrimento' seria relacionada a algum tipo de pressão por parte do esquema de Leto Viana. “Eu não vou ficar fazendo comentários”, finalizou.
Investigado nos desdobramentos
De acordo com o delegado Fabiano Emídio, responsável pela operação, Luceninha também deve ser investigado em desdobramentos da ação. “Novos inquéritos vão ser instalados para abarcar cada um desses fatos específicos”, pontuou.
O delator Lucas Santino afirmou na colaboração premiada que Luceninha vendeu o mandato por R$ 5 milhões, sendo R$ 500 mil pagos em espécie, R$ 1,2 milhão em cheques e o restante em cargos.
Participação de empresário deve ser investigada
Sobre a possível participação de Roberto Santiago no caso, o promotor Octávio Paulo Neto, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MPPB, disse que foram recolhidos documentos na casa do empresário, em cumprimento de mandato de busca, mas ainda não é possível confirmar a relação dele com o esquema, o que deve ser esclarecido com a continuidade das investigações.
“O colaborador relatou um fato e esse fato precisava ser esclarecido, o qual evidencia a participação do empresário na compra desse mandato. Durante a investigação, outras provas indicavam essa possibilidade. O que foi feito hoje foi uma busca para se encontrar mais elementos”, disse Octávio.
Em nota, Roberto Santiago disse que ficou surpreso com a operação ocorrida nesta terça. “Tenho a plena convicção de que não cometi nenhum ato ilícito e não tenho qualquer relação administrativa ou funcional com os Poderes Executivo e Legislativo de Cabedelo. Estou, e como sempre estive, colaborando e à disposição da Justiça e das Instituições”, afirmou.
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