CULTURA
‘Um Lugar Silencioso’ utiliza silêncio e falta de diálogos com inteligência
Filme foge dos clichês de busca pela sobrevivência e explora o minimalismo.
Publicado em 05/04/2018 às 18:51 | Atualizado em 06/04/2018 às 8:58
UM LUGAR SILENCIOSO (EUA, 2018, 90 min.)
Direção: John Krasinski
Elenco: John Krasinski, Emily Blunt, Millicent Simmonds, Noah Jupe
★★★☆☆
Nesta quinta-feira (5), estreou nos cinemas paraibanos o longa Um lugar silencioso (A Quiet Place, 2018). Na trama, John Krasinski e Emily Blunt devem proteger sua família contra monstros que possuem uma audição extremamente aguçada. Por isso, todo o barulho deve ser abolido para a própria segurança da família. Soluções como andar descalço e nunca sair da trilha aparecem como sinônimos de sobrevivência.
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Esse é um ponto muito forte no longa. Afinal, durante anos, o silêncio foi aliado dos filmes de suspense e de terror. Neste, em especial, ele vem com três funções importantes. A primeira é desenvolver personagens de maneira sucinta, como acontece em WALL-E (2008). Por não poderem se expressar com a voz, a família Abbot usa a comunicação visual que já conheciam, devido à deficiência auditiva de Regan, a filha mais velha interpretada por Millicent Simmonds.
A segunda função do silêncio é reforçar a sensação de isolamento, assim como acontece em Eu Sou a Lenda (2007). Na trama, a família Abbot reúne alguns dos poucos sobreviventes do mundo. Por fim, o silêncio aparece para gerar expectativa, estratégia bastante utilizada nos filmes de terror e suspense, conhecida como Jump Scary. Todas essas características estão em ‘Um Lugar Silencioso’ sempre bem dosado e é por este motivo que o filme se destaca.
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Partindo de uma premissa simples de busca pela sobrevivência, onde o pai, Lee (interpretado por John Krasinski), é forte e protetor; a mãe Evelyn (Emily Blunt), é amorosa e cuidadosa; e os filhos, Regan (Millicent Simmonds) e Marcus (Noa Jupe), que precisam crescer neste cenário pós apocalíptico. Se ficasse preso nisso, o filme mostraria pouca criatividade. Porém, ele vai além. Brincando com o silêncio e criando diálogos minimalistas, o filme explora um problema presente no nosso dia a dia que se destaca pela impotência de poder emitir um único som. Afinal, a falta de comunicação e não verbalização de sentimentos é o que coloca em cheque a convivência familiar.
Dentro do suspense, o drama dos personagens é desenvolvido pelas entrelinhas e não pelos diálogos.
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