CULTURA
Novo filme de José Padilha, ‘7 Dias em Entebbe’ não é horrível, mas não convence
Filme estreou nos cinemas paraibanos nesta quinta-feira (19).
Publicado em 19/04/2018 às 18:51 | Atualizado em 20/04/2018 às 7:44
7 DIAS EM ENTEBBE (Reino Unido, 2018, 106 min.)
Direção: Jose Padilha
Elenco: Daniel Brühl, Rosamund Pike, Eddie Marsan, Lior Ashkenazi, Ben Schnetzer, Denis Menochet
★★☆☆☆
Dirigido pelo diretor internacional brasileiro José Padilha, chegou aos cinemas paraibanos o longa ‘7 Dias em Entabbe’ nesta quinta-feira (19). O filme é inspirado no sequestro do voo da Air France que saiu de Tel-Aviv com destino à Paris que aconteceu em julho de 1976. Momento oportuno para discutir coisas do gênero, já que como é mostrado no filme, desde 1976 que Israel se recusa a negociar com os palestinos. Acertar no tema e no filme poderia melhorar a imagem dele depois da polêmica envolvendo O Mecanismo.
O filme não sai da zona de conforto de Padilha, já que, mais uma vez, o roteiro apresenta a dualidade entre família ou trabalho. Esse dilema é conhecido para os brasileiros que acompanharam os dois Tropa de Elite. No caso de Entebbe, os guerrilheiros alemães e os soldados israelenses se sacrificam em nome da guerra. Eles precisam fazer suas escolhas, para isso abandonam quem amam para manter o mundo em segurança ou defender uma ideologia.
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É nesse contexto que a produção traz um ponto incômodo. Um grupo de revolucionários alemães decide se juntar a causa dos palestinos por acreditar que estão defendendo um povo. Na vida real, sabemos que isso acontece com frequência, mas os terroristas apresentam diferenças cruciais. Conhecemos dois tipos de terroristas: os tradicionais e os ‘Padilha style’. Na visão do diretor, apenas terroristas árabes são ‘loucos’ o suficiente para brigar até o fim em um ato como o sequestro de avião - o que era comum para os terroristas. No caso dos terroristas ‘Padilha style’, pensar em matar assusta, mas sequestrar um avião é bem tranquilo. Apenas os revolucionários alemães conseguem se importar com o bem estar dos reféns e se recusam a manter presos os judeus. Porém, isso só acontece porque eles querem se diferenciar de Hitler, único símbolo de maldade.
Apesar de ter acertado no tema, o que deveria ser um thriller passa a ser um filme com pouco suspense e pouca ação - o que deixa a trama desinteressante. Os personagens são pouco explorados e pouco envolventes e é difícil criar uma empatia por qualquer um deles, independentemente do lado. A hesitação do primeiro-ministro em negociar com os terroristas quase não consegue demonstrar o medo dele em perder mais de 200 reféns. Isso é um problema já que o filme deveria emanar tensão. Volto a dizer que são mais de 200 reféns e pouco vemos a sensação de agonia que deveria existir.
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Para não dizer que o filme foi de todo ruim, as cenas que envolvem ação são perfeitamente pensadas e lembram os tempos de ouro de Padilha, como nos dois Tropa de Elite e em Narcos. A forma como ele alterna as imagens entre o ataque israelense e uma apresentação de dança traz a impressão de como ambas as áreas precisam ser ensaiadas e orquestradas para que tudo saia como o programado. No caso da dança, não havendo erros e, no caso do ataque militar, não havendo baixas.
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