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VIDA URBANA

Grupo Mães na Dor acolhe mães que perderam seus filhos vítimas de violência na PB

Além de lutar por justiça, grupo promove apoio mútuo e ajuda mães a conviverem com perda.

Publicado em 13/05/2018 às 7:00 | Atualizado em 14/05/2018 às 9:24


                                        
                                            Grupo Mães na Dor acolhe mães que perderam seus filhos vítimas de violência na PB
Grupo Mães na Dor (Foto: Ana Paula Ramalho/ Arquivo Pessoal

“Seis meses após a morte da minha filha, eu estava na Praça da Sé, em São Paulo, pedindo justiça pela morte de Mércia Nakashima. Quando voltei para João Pessoa, eu voltei na guerra para lutar contra a violência”, lembra Hiperneste Carneiro ao contar como surgiu a ideia em criar o Grupo Mães na Dor (GMD).

Criado em 2010, o grupo acolhe mães que perderam seus filhos vítimas de violência na Paraíba. Entre os objetivos principais, além da luta por justiça, o GMD promove o apoio mútuo, ajudando as mães a conviverem com a perda, compartilhando experiências de vida durante o luto e seu processo de convívio com a dor.

Evanice Barbosa, mãe de Jéssica Barbosa, conheceu o grupo através de reportagens na TV. “Quando eu assistia às matérias eu já sentia a vontade de entrar no grupo. Então quando elas marcavam encontros na rua, combinei com meu esposo em ir para um desses encontros”, diz.

Foi com a união das mães, que Evanice encontrou conforto. “Você acha que é sozinho, sabe? Mas ter participado do grupo foi bom porque preencheu meu vazio e eu fui passando os meus ensinamentos para outras mães que chegavam”, afirma. “Muitas chegam mais tristes, angustiadas, e a gente que já tem passado do momento do luto há mais tempo, tentamos passar o conforto para aquela mãe”, conclui.


				
					Grupo Mães na Dor acolhe mães que perderam seus filhos vítimas de violência na PB
Ana Paula Ramalho com Matheus Ramalho, quando era criança.

Sem solidão para enfrentar a dor

'Você não está só’, esta é a principal mensagem do Mães na Dor. Ana Paula Ramalho, mãe de Matheus Ramalho, acredita só uma mãe, que já passou pela dor de perder um filho, é capaz de confortar outra. “É diferente a gente conversar com uma pessoa que não teve a vida do seu filho roubada”, diz.

“Quando sentamos para conversar, é possível entender cada lágrima, tristeza, estado de imersão em si mesmo, cada momento em que não queremos levantar. Tudo isso é mais fácil de entender e de ser entendido por quem já passou, por quem ainda sente esta dor”, conclui.

Ana Paula foi convidada pela própria Hipernestre, fundadora do GMD. Juntas, elas têm a missão de transformar a dor em justiça pelo fim da vida de seus filhos. “O grupo faz com que mães órfãs de filhos possam continuar a caminhada aqui na terra”, diz.

Thereza Cristina, mãe de Rebeca Cristina, não lembra exatamente qual foi o momento em que começou a participar do GMD. “Eu fui procurada por Hipernestre e outras mães, faz muito tempo. Ainda estava desnorteada e elas conseguiram me passar toda a força possível. Eu dividi minha dor com elas e elas dividiram a dor comigo”, afirma. Após sete anos da morte de Rebeca, Thereza ainda procura conforto no grupo de apoio às mães. “Sempre temos algum problema e compartilhamos dores. Um dia estamos bem, outro não estamos. Um dia estamos sorrindo falso só por fora mesmo, porque por dentro estamos destruídas”, diz.

200 mães lutam contra a dor

Atualmente, 200 mães participam do Mães na Dor. São 200 histórias, 200 perdas, 200 lutos e sentimentos que merecem ser ouvidos, compartilhados. Elas desejam, que a história de cada filho seja contada, que ela seja lembrada não só pela população, mas pela Justiça. É saindo as ruas, indo aos júris e realizando ações beneficentes que essas mães encontram o conforto e a aproximação com os filhos que já se perderam. É neste domingo (13) que 200 mães, entre centenas, choram por não ter seus filhos e lutam pelo fim da violência.

Esta matéria é homenagem do JORNAL DA PARAÍBA a todas as mães que perderam seus filhos no percurso desta vida.

Imagem

Aline Oliveira

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