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CULTURA

Resenha da Redação: 'A noite do jogo' é uma comédia engraçada e inteligente

Filme consegue ser mais do que um besteirol ineficiente e se torna bem-sucedido ao parodiar convenções do cinema de horror e policial.

Publicado em 10/05/2018 às 18:20 | Atualizado em 11/05/2018 às 15:15


                                        
                                            Resenha da Redação: 'A noite do jogo' é uma comédia engraçada e inteligente

				
					Resenha da Redação: 'A noite do jogo' é uma comédia engraçada e inteligente
Annie (Rachel McAdams) e Max (Jason Bateman) na extrema direita em A noite do jogo..

RESENHA DA REDAÇÃOA NOITE DO JOGO (EUA, 2018, 100 min.)

Direção: John Francis Daley e Jonathan Goldstein

Elenco: Jason Bateman, Rachel McAdams, Kyle Chandler, Jesse Plemons

★★★☆☆

A comédia e o terror parecem ser gênero em constante crise no cinema hollywoodiano: além das fórmulas engessadas e batidas comumente vendidas pelos grandes estúdios norte-americanos, parece que o público já viu de tudo e ninguém consegue rir ou se assustar com tanta facilidade. Por isso, os riscos eram grandes em A noite do jogo (Game night, 2018), que estreia nesta quinta-feira (10) nos cinemas da Paraíba; mas, apesar de imperfeito, o longa consegue consegue ser bem mais do que um besteirol ineficiente e se torna genuinamente engraçado ao incorporar e parodiar convenções do cinema de horror e policial.

O filme acompanha o casal Annie (Rachel McAdams) e Max (Jason Bateman), dois aficionados em jogos - de tabuleiro, de cartas, de dados - que se encontram em um bar, se apaixonam e rapidamente (o roteiro e a montagem felizmente não perdem tempo tentando contar uma história de amor) se casam. Semanalmente, eles se encontram com um grupo de amigos para exercitar sua paixão por competição, mas a brincadeira se torna "realidade" quando o irmão bem-sucedido, rico e bonito de Max, Brooks (Kyle Chandler), vem visitá-lo e os envolve em uma trama perigosa envolvendo gângsteres, assassinos e contrabandistas.


				
					Resenha da Redação: 'A noite do jogo' é uma comédia engraçada e inteligente
Rachel McAdams em A noite do jogo: a femme fatale parodiada..

A direção de John Francis Daley e Jonathan Goldstein, fazendo juz ao espírito do filme, brinca o tempo todo com o espectador - logo no início da exibição , por exemplo, a inscrição "morte" é impressa na testa de Max. O roteiro também não é exatamente o que parece, e em mais de um momento o público se sente manipulado e enganado, quase como se tivesse sido vítima de um blefe durante uma partida de pôquer.

Mais interessante, entretanto, é a maneira como o filme distorce e ressignifica os códigos da própria linguagem cinematográfica. Em diversos momentos, são incorporados elementos estéticos que fazem lembrar a gramática dos vídeo-games: seja quando, em cenas envolvendo veículos, a câmera se posiciona estaticamente atrás dos carros, evocando o ponto de vista clássico dos jogos de corrida; seja através do uso constante do tilt-shift, técnica fotográfica através da qual pessoas e cenários reais são representadas como miniaturas em um tabuleiro; ou, em uma cena específica, através do uso do plano sequência para filmar uma tarefa tão comum a narrativas de games como caçar um tesouro mágico.


				
					Resenha da Redação: 'A noite do jogo' é uma comédia engraçada e inteligente
Jesse Plemons em A noite do jogo..

A noite do jogo brinca, também, com convenções já batidas do cinema de horror e policial, fazendo lembrar vagamente um Todo mundo em pânico menos escrachado. É hilária a abordagem que o filme utiliza para representar o vizinho de Annie e Max, o policial solitário e esquisito Gary (Jesse Plemons). Evocando o estereótipo batidíssimo do vilão hollywoodiano, o personagem é filmado quase sempre à distância, parado em um único ponto; ele fala de forma pausada e obscura e, quando convida os vizinhos para sua casa, se arrasta lentamente em direção às sombras. Mais para o final, quando o roteiro avança para se tornar uma grande brincadeira com filmes de ação, a persona de Liam Neeson - figura que representa por excelência tudo que há de mais clichê no cinema de explosões e tiros - é frequentemente invocada.

>> Confira os filmes em cartaz nos cinemas da Paraíba nesta semana

Apesar do sucesso em absorver e deturpar essas cartas marcadas de Hollywood, a comédia tem momentos de vacilo. Embora o sentimento de inferioridade de Max em relação ao irmão seja convincente, a questão pessoal de Annie e Max em relação a ter filhos é supérflua; e a cena com a médica após o espermograma não funciona e se torna simplesmente tosca. Além disso, as mesmas escolhas estéticas que garantem ao filme certa originalidade - como o tilt-shift e a simulação de jogos de corrida - são utilizadas talvez muito frequentemente e começam a se tornar previsíveis.

Mas A noite do jogo consegue ser engraçado e, em última análise, é esse o fator mais importante de uma comédia. Balanceando com eficiência - na maior parte do tempo - doses de violência, nonsense e suspense, o filme assume sua função escapista e despretensiosa ao mesmo tempo em que brinca com o cinema, com o espectador e consigo mesmo. Boa jogada, Hollywood.

Imagem

Marcelo Lima

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