VIDA URBANA
Constelação Familiar: utilizado em todo Brasil, método de conciliação ainda não chegou à Justiça da Paraíba
Paraíba é um dos oito estados que ainda não aplicam a terapia em conciliações judiciais.
Publicado em 12/05/2018 às 8:00 | Atualizado em 12/05/2018 às 9:34
Evitar o prolongamento de processos no Judiciário é um dos objetivos dos Núcleos de Conciliação disponíveis nos Tribunais de Justiça de todo o Brasil. Muitos dos esforços realizados nos núcleos envolvem o esquema já conhecido em que uma terceira parte, conhecida como conciliador, funciona como mediadora para resolução do conflito antes que ele vá a julgamento. Entretanto, os tribunais do país já começam a adotar métodos alternativos à conciliação tradicional - como a Constelação Familiar, ainda não aplicada no sistema de Justiça da Paraíba.
A Constelação Familiar é um sistema psicoterapêutico que busca trabalhar o indivíduo em conflito a partir de sua estrutura mais elementar, a família. “Nas constelações, procura-se enxergar a origem do sujeito, suas raízes, para poder compreender de forma mais complexa os motivos por trás de determinado conflito”, explica Eliane Santos, coordenadora da ONG Afya - Centro Holístico da Mulher. Localizada no bairro do Alto do Mateus, em João Pessoa, a organização voltada para o público feminino é uma das pioneiras no Estado na aplicação da técnica.
A metodologia foi desenvolvida pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger e busca a redescoberta de um passado familiar que pode ser a chave para problemas atuais. “O trabalho é pautado principalmente em rodas com representações teatrais, mas também pode ser realizado individualmente, através de desenhos, por exemplo”, diz Santos. Segundo ela, a Constelação Familiar apresenta bons resultados em diversos tipos de problemas. “Podem ser questões financeiras, relativas a relacionamento familiar propriamente dito, ou algo oculto que precisa ser desvelado: as rodas de terapia são úteis em várias situações”, avalia.
É justamente por isso que a Constelação Familiar vem sendo cada vez mais utilizada nas sessões de conciliação judicial: de acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), inicialmente aplicada pela Justiça na Bahia, em 2012, a técnica já é encontrada hoje em 16 Estados e o Distrito Federal. Conforme o CNJ, os problemas mais comuns no âmbito judicial suscetíveis à abordagem envolvem dificuldades de relacionamento, separações, mortes na família, heranças e vícios. No Poder Judiciário, as Constelações Familiares são feitas pelos próprios juízes ou por psicólogos.
Apesar das taxas de sucesso e do avanço nacional, a terapia, entretanto, ainda não foi adotada pelo Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB). Segundo o Núcleo Permanente de Mediação e Conciliação do Tribunal de Justiça da Paraíba (Nupemec), para que novas metodologias sejam implantadas é necessário que algum magistrado que tenha conhecimento na área proponha um projeto. "No momento, não existe nenhum esforço para implantar as Constelações Familiares nas unidades judiciais da Paraíba", afirma Toni Fábio, do Nupemec.
Enquanto as rodas de Constelação não chegam aos tribunais do Estado, a população pode ter acesso ao método através de ONGs como a Afya, onde são promovidos círculos terapêuticos e cursos para formação de terapeutas semanalmente. "Qualquer pessoa, desde que seja maior de idade, pode se tornar um constelador procurar ajuda através da técnica", diz Eliane Santos. "No final das contas, todos os que interagem com as Constelações são beneficiados. É sempre uma relação de ganho", conclui.
Comentários