VIDA URBANA
Acusados de matar Vivianny Chrisley são julgados: um diz não saber motivo da morte; outro, que nem viu corpo
Sessão acontece no Fórum de Santa Rita, na região metropolitana de João Pessoa.
Publicado em 16/05/2018 às 13:32 | Atualizado em 16/05/2018 às 16:16
Começou pouco depois das 13h desta quarta-feira (16) o julgamento de dois dos três acusados do assassinato de Vivianny Crisley. A sessão acontece no Fórum de Santa Rita, na região metropolitana de João Pessoa, que está lotado, mas com clima tranquilo. O júri é formado por sete homens. As três mulheres que estavam convocadas para compor o júri foram recusadas pela defesa dos réus.
Vivianny Crisley tinha 28 anos quando foi vista pela última vez na noite do dia 20 de outubro de 2016, na saída de um bar na Zona Sul de João Pessoa. O júri de Fágner das Chagas e Jobson Barbosa estava marcado, juntamente com o de Allex Aurélio, para o dia 28 de fevereiro, mas foi adiado para esta quarta-feira devido à troca de defensores públicos por advogados particulares, que alegaram precisar de mais tempo para tomar conhecimento do processo.
Nesta nova data, Fagner está sendo representado por três advogados: Hallyson Chaves Coelho, Filipe Augusto de Moura e Antônio Elias Firmino. E Jobson é representado por mais dois: Paulo Rodrigues da Rocha e Bruno Inácio Diniz. Os promotores que acompanham o caso são Márcio Gondim e Edmilson de Campos Leite Filho.
Os dois réus foram ouvidos e por volta das 16h, o Ministério Público começou a fazer a acusação. "Hoje o MP buscará justiça. Nenhum milímetro a mais ou a menos. Queremos justiça, igual foi feita com Allex”, disse o promotor Márcio Gondim, que tem 2 horas e meia para fazer sua apresentação.
Problema em transporte atrasou chegada dos réus
A sessão foi interrompida pouco após a leitura da denúncia porque os réus, que estão presos no PB1, só chegaram ao local do julgamento às 14h10. De acordo com o promotor Márcio Gondim, o atraso foi provocado por um problema no transporte do presídio. A sessão foi retomada por volta das 14h15 e os réus começaram a ser ouvidos 15 minutos depois.
A defesa dos réus solicitou que o caso seja repassado para a Comarca de Bayeux, já que o corpo foi encontrado na Mata do Xenxen, que fica na cidade, onde a vítima teria chegado ainda com vida. Mas o promotor defende que o crime deve ser julgado onde foi cometido, no caso, ainda na região de Santa Rita. A juíza concordou com o promotor e manteve o julgamento.
Fagner nega participação na morte
O primeiro réu a depor foi Fágner das Chagas, que negou em seu depoimento durante o julgamento que Vivianny teria pedido para descer do carro. “Se ela tivesse pedido, com certeza teríamos deixado”, garantiu. Durante as investigações, no entanto, a versão contada à polícia era de que a vítima teria sido morta porque gritou dentro do carro querendo descer.
Neste depoimento, o réu também apresentou um elemento novo na história: Vivianny teria quebrado uma garrafa de uísque dos réus no bar em que eles se conheceram, o que teria deixado Alex furioso.
Segundo ele, quem matou Vivianny foi Alex e ele nem chegou a ver o corpo. Fagner disse que saiu do carro com Jobson e que a vítima ficou com Alex, que depois entrou em casa dizendo que tinha feito uma besteira, o que teria sido confirmado por Jobson.
Fagner destacou que antes de se envolver na morte de Vivianny, nunca tinha sido preso ou processado. O crime aconteceu cerca de quatro meses depois dele ter chegado do Rio de Janeiro junto com a esposa e uma filha.
Jobson diz não saber razão da morte
Logo depois, às 15h, Jobson começou a ser ouvido e declarou não saber por que Vivianny tinha morrido. “É a grande pergunta que fica”, disse. Jobson confirma que dançou com Vivianny, mas eles não chegaram a se envolver amorosamente no bar, e ela saiu com eles sem ser pressionada.
Jobson disse logo no início de seu depoimento que não era amigo de Alex, mas apenas de Fagner, que foi ele que deu a ideia de ir naquela noite ao bar em que conheceram Vivianny, que pagou a entrada de todo mundo e tinha levado R$ 1 mil para bar.
Ele diz que era o mais embriagado dos três na noite do crime, mas nega a versão de Fagner de que tenha havido confusão por conta do uísque, que ele comprou e a vítima tinha derrubado por acidente e que “ninguém achou ruim”.
Relatos de tortura
Tanto Fágner quanto Jobson relataram ter sido vítimas de tortura quando foram presos, justificando com isso a diferença nas versões contadas no início das investigações e durante o julgamento.
Fagner contou que foi interrogado durante quatro horas pela polícia e que teria falado recebendo socos e com água sendo jogada sobre ele. Ele disse que não falou nada sobre o caso durante a audiência de instrução porque tinha sido ameaçado.
Jobson conta que além de apanhar, sofreu pressão psicológica e que por isso confessou participação no crime. Ele relatou ter sido obrigada a ingerir álcool e que teria sido estuprado com um fuzil e que a violência teria afetado permanentemente sua saú
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Morta 'porque gritou'
O corpo de Vivianny Crisley foi encontrado carbonizado no dia 7 de novembro do mesmo ano, em uma mata no município de Bayeux. De acordo com declarações do trio acusado de matar a jovem, a vítima foi assassinada "porque gritou".
Allex Aurélio foi condenado a 26 anos de prisão em regime fechado no presídio PB-01, no dia 28 de fevereiro. O julgamento aconteceu no Fórum de Santa Rita. A sessão que estava marcada para começar ás 13h, começou com um pouco mais de uma hora de atraso. O júri foi composto por quatro mulheres e três homens. A juíza que comandou o julgamento foi Lilian Frassinetti Cananéa.
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