ECONOMIA
Inflação reduz vendas juninas nos supermercados
Alta da inflação e aumento de serviços como energia elétrica pesou mais no bolso do consumidor, segundo associação.
Publicado em 23/06/2015 às 6:00 | Atualizado em 07/02/2024 às 15:42
Nem a forte tradição das comidas típicas do São João aqueceram as vendas nos supermercados paraibanos neste mês de junho. Tradicionalmente, produtos à base de leite e milho aumentam o faturamento destes estabelecimentos em até 6% anualmente, segundo o presidente da Associação Paraibana de Supermercados (ASPB), José Willame de Araújo. Mas, a alta da inflação e aumento de serviços como energia elétrica pesou mais no bolso do consumidor e a estimativa é de que este índice caia pela metade em 2015, em relação ao mesmo período do ano passado. Há empresário que espera queda de até 40%.
A procura por bebidas, como cerveja, em um ano de economia estável, chegou a crescer 10% em junho. No entanto, até agora, as vendas estão estáveis. “Estamos vivenciando um momento atípico e o consumidor está cortando o que pode, tirando os supérfluos”, frisou José Willame.
Apesar de muitas famílias paraibanas enfrentarem a alta dos produtos para manterem o hábito de preparar pratos como pamonha e canjica, o movimento nos supermercados está parado. “Tem muito milho chegando de fora e há família que repete este costume, mas está muito tímida a procura por produtos como leite de coco e canjica de milho nos supermercados. Acreditamos que a alta em junho deve ser pequena e variar entre 5% e 6%”, salientou.
Ontem, houve supermercadista que não escondia a queixa com relação ao fraco movimento no estabelecimento. “O número de clientes está abaixo do esperamos e haverá queda de 10% nas vendas de junho. Em anos anteriores registrávamos uma alta de até 9% em produtos como queijo, milho verde e leite de coco. É raro se ver feiras mensais, o pessoal compra agora para suprir a semana”, destacou Antonino Marmo, gerente do Supermercado Manaíra, em João Pessoa.
Segundo ele, a queda nas vendas foi observada ao longo deste semestre e no acumulado do ano a retração já varia entre 15% e 16% no estabelecimento. “Este mês já comprei mais caro dos meus fornecedores produtos como milho, leite de coco e laticínio em geral", frisou
TRIBUTOS ENCARECEM COMIDAS TÍPICAS
As festas típicas do mês de junho poderiam ser melhor aproveitadas se não fosse a alta carga tributária dos produtos consumidos nesta época, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).
O preço dos fogos de artifício, por exemplo, é composto por mais de 60% de impostos. Além disso, mais de 30% do que se paga em um simples chapéu de palha vem de tributação. Bebidas como o vinho quente (54,73%), e o refrigerante nas versões lata (46,47%) e garrafa (44,55%), estão entre os tributos mais altos. O produto com menor tributação é o milho cozido, com 18,75%, um índice que está longe de ser baixo.
Para o presidente-executivo do IBPT, João Eloi Olenike, se o valor dos impostos não fosse tão alto, o consumidor poderia aproveitar melhor as festividades desta época do ano, comprando mais. João Eloi destacou que o impacto dos impostos é ruim para todos, consumidores e comerciantes. “Esses impostos são embutidos no valor do produto, que se torna mais caro, e assim o consumidor reduz a quantidade que compra”, disse.
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