CULTURA
Todos contra todos
Escrito dez anos antes do lançamento do primeiro livro da série 'Jogos Vorazes', 'Battle Royale ganha versão brasileira
Publicado em 27/04/2014 às 6:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 12:20
Esqueça os livros da série Jogos Vorazes ou os seus genéricos.
Mais de uma década antes do primeiro romance da norte-americana Suzanne Collins chegar às prateleiras das livrarias, a obra de estreia do jornalista japonês Koushun Takami havia chegado à final do Japan Grand Prix Horror Novel, concurso literário voltado para a ficção de terror.
Tal livro acaba de ganhar pela primeira vez a versão brasileira: Battle Royale (Globo Livros, 664 páginas, R$ 49,90) acabou sendo preterido na época pelo júri do concurso, que se chocou com a história futurista sobre um programa anual governamental de uma totalitária (e fictícia) República da Grande Ásia Oriental, onde adolescentes de uma mesma turma escolar são confinados em uma ilha e têm de matar uns aos outros até que reste apenas um sobrevivente.
O livro seria lançado no Japão em 1999. Alcançou repercussão e status de best-seller, vendendo mais de 1 milhão de exemplares no país de origem. mesmo abandonando o jornalismo (cobrindo áreas como política e economia) para se dedicar às letras, até hoje o autor só publicou essa obra.
Battle Royale não tardou em migrar para uma adaptação cinematográfica, lançada um ano depois (no Brasil o filme só chegou em 2007 direto em home vídeo com o título Batalha Real).
Dirigido por Kinji Fukasaku (um dos realizadores de Tora! Tora! Tora!) e estrelado por Chiaki Kuriyama (a Gogo Yubari de Kill Bill - Volume 1), o longa-metragem se tornou cult, ganhando uma sequência em 2003, Battle Royale - Requiem. O filme novamente foi dirigido por Fukasaku, que morreu durante as filmagens e foi substituído pelo seu filho, Kenta, também cineasta.
Grande incentivador das produções de cinema japonês nos Estados Unidos, o diretor Quentin Tarantino (Kill Bill) chegou a eleger o primeiro filme de Battle Royale como um dos melhores que já viu, declarando também que era um dos que ele queria ter rodado sob a sua batuta pop.
Com o sucesso do romance, a obra foi adaptada para as histórias em quadrinhos por Koushun Takami (roteiro) e Masayuki Taguchi (arte). A série homônima em mangá foi publicada (com pausas turbulentas) por aqui entre 2006 e 2011 pela Editora Conrad.
PLÁGIO?
Recentemente, com o sucesso da versão hollywoodiana da franquia Jogos Vorazes, uma pergunta não quis se calar: Suzanne Collins copiou a ideia original de Koushun Takami?
A escritora chegou a declarar que só veio a saber da existência da obra nipônica quando o primeiro de Jogos Vorazes já estava no prelo.
Já Takami – como sua boa e cordial educação oriental – declarou que não pretende processar a autora estadunidense por acreditar que cada obra tem algo novo a oferecer, independente do seu ponto de partida semelhante.
A tradução ficou por conta de Jefferson José Teixeira, carioca que morou no Japão durante 11 anos e já traduziu obras como Norwegian Woods (Alfaguara), de Haruki Murakami.
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