CULTURA
Deu W.J. Solha no New York Times
Filme protagonizado pelo ator paulista radicado na Paraíba, W.J. Solha, é destaque no New York Times.
Publicado em 21/08/2012 às 6:00
“Não sabia que eu estava tão velho”, comenta aos sorrisos W.J. Solha, que assistiu sua interpretação no pernambucano O Som Ao Redor pela primeira vez no 40º Festival de Gramado.
É para estar sorrindo, pois, além de não sentir o peso da idade – já que o ator paulista radicado na Paraíba tem vitalidade de sobra para se dedicar à escrita nas madrugadas –, o filme que protagoniza foi notícia de destaque nas páginas do New York Times, nos EUA.
Depois de estrear internacionalmente em Roterdã, na Holanda, o primeiro longa-metragem de Kléber Mendonça Filho (dos premiados curtas Vinil Verde e Recife Frio) já havia virado notícia na também na Variety, considerada a 'bíblia do cinema' estadunidense. O filme entra em cartaz nos EUA no dia 25.
Com a produção rebatizada em inglês sob o título Neighbouring Sounds, o texto publicado no último domingo recebe a assinatura do renomado Larry Rohter, que já foi correspondente do jornal no Brasil.
Solha recebeu elogio a sua "barba luxuriante", que ofereceu um visual perfeito para o papel. A aparência "exuberante e vibrante" do filme e um "sofisticado design sutil de som" também foram comentados.
CLASSE MÉDIA
O filme se debruça no cotidiano de uma rua de classe média na zona sul do Recife. A vida lá toma um rumo inesperado após a chegada de uma milícia que oferece os serviços de 'segurança particular'. A presença desses homens traz tranquilidade para alguns e tensão para outros.
"É um marco no cinema brasileiro", foi o que o ator ouviu falar em Gramado sobre O Som Ao Redor. "Kléber fez um retrato da vida da gente. É o primeiro filme sobre a classe média contemporânea nordestina."
Esse viés do contexto social do filme baseado no crescimento do país também é visto no texto do New York Times. "Nos últimos 18 anos, o Brasil vem passando por uma onda de crescimento que o levou a ultrapassar a Grã-Bretanha, Itália, Rússia e Canadá, tornando-se a sexta economia mundial, um processo que propeliu dezenas de milhões de brasileiros rumo à classe média", diz a matéria. "O Som Ao Redor é possivelmente o primeiro grande filme brasileiro a adotar como tema principal essa transformação e suas consequências", conclui.
De acordo com Solha, o principal medo do diretor pernambucano é do público estrangeiro não reconhecer o filme pelo novo prisma que o Brasil era visto através de suas lentes.
Apesar de receber os Kikitos, a exibição do longa-metragem foi cheia de problemas a respeito do foco e do som, interrompendo a sessão e retomando apenas no dia seguinte. "Isso foi negativo para o festival, mas foi positivo para o filme", afirma Solha.
"Prende a atenção porque fica a sensação de que algo terrível vai acontecer e não acontece ao longo do filme."
Ainda não há previsão da data de lançamento de O Som Ao Redor no circuito comercial brasileiro, apesar de já ter distribuidora. O próximo evento que o filme participará será o 45º Festival de Brasília, em setembro.
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