CULTURA
Embaixador sertanejo
Exposição em homenagem ao fotógrafo Marcos Veloso é aberta nesta quarta-feira (9) na biblioteca do Espaço Cultural José Lins do Rêgo.
Publicado em 09/01/2013 às 6:00
Nesta quarta-feira, às 19h, será aberta ao público a exposição Marcos Veloso - Fotografias, na Biblioteca Pública Juarez da Gama Batista, localizada no Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa.
Além de prestar homenagem ao fotógrafo paraibano morto em 2000, aos 45 anos, a coletânea se associa às comemorações dos 20 anos de atuação da Le Hors-Là Paraíba, associação que promove o intercâmbio artístico entre o Estado e a cidade francesa de Marselha, e também dos 60 anos da Aliança Francesa de João Pessoa.
“A vantagem de acontecer em uma biblioteca é que o espaço dá mais gente que em uma galeria de arte”, avalia o curador Dyógenes Chaves. “Antigamente não se julgava a fotografia como obra de arte”.
A exposição, uma das últimas contempladas pelo Edital de Ocupação da Galeria Archidy Picado, lançado no ano passado, pode ser visitada até o último dia do mês.
De acordo com Dyógenes, a ideia da coletânea foi reunir através dos acervos de amigos os registros gerados pelos cliques de Veloso. São 20 obras produzidas, na década de 1990, entre o Sertão da Paraíba e o Sul da França. A exposição discute assuntos atuais, como a globalização, a geografia humana e a identidade.
“Ele fazia o papel de embaixador mesmo”, conta o curador da mostra. “Além de fotógrafo, Marcos trabalhava na área de radiologia e tinha uma ótica particular lá em Sumé. Quando chegava os franceses, ele 'colocava no braço' e sumia para apresentar o Sertão e o Cariri. Para ele, os gringos tinham que subir a serra e experimentar cabeça de bode e cachaça”, recorda Chaves.
MEDICINA E FOTOGRAFIA
Marcos Veloso nasceu e foi criado no bairro de Jaguaribe, em João Pessoa. Começou a trabalhar com fotografia no início dos anos 1980, a partir de um curso no Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), chegando a participar de uma mostra coletiva na Feira de Tecnologia de Campina Grande.
“Sempre se dividiu entre a medicina e a fotografia”, aponta o artista plástico e amigo Chico Pereira. “Em pouco tempo, construiu a mais laboriosa revelação de um universo que só a sua capacidade de decisão realizou, deixando um legado insuperável de belíssimos registros da nossa paisagem física e humana, paralelamente, construindo um estilo pessoal, imediatamente identificável ao primeiro olhar”.
Veloso morreu no dia 04 de fevereiro, quando acabara de registrar o Bumba Meu Boi, em São Luiz do Maranhão, e o Varadouro, no Centro Histórico de João Pessoa, e se preparava para viajar até Cuba e França.
“A obra dele parte da região onde você anda”, define Dyógenes Chaves. “A maior parte de seu trabalho foi realizado no caminho do seu trabalho”.
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