COTIDIANO
'Ninguém passou impune por Ezequiel Neves', diz Roberto Frejat
Cantor e guitarrista do Barão Vermelho relembrou convivência com o amigo. Corpo do produtor e jornalista será cremado neste sábado (9).
Publicado em 10/07/2010 às 11:03
Do G1
Foram anos de amizade, trabalho e amor pela música. "Uma intensa relação de proximidade e intimidade", descreveu o cantor e compositor Roberto Frejat sobre o parceiro Ezequiel Neves, produtor, jornalista e mentor do Barão Vermelho, morto na última quinta-feira (9), no Rio.
E, para quem pensa que essa relação teve origem nos anos de convívio com a banda carioca que revelou Cazuza e da qual Frejat é hoje cantor e guitarrista, o músico explica:
"Fui leitor do Zeca ainda na adolescência. Na verdade, ele era um ficcionista: suas reportagens eram todas sobre artistas que existiam, mas as histórias que ele inventava e escrevia eram muito melhores que os acontecimentos reais. Era muito divertido ler aqueles textos", relembrou.
Foi justamente como jornalista que Ezequiel criou alguns de seus pseudônimos mais conhecidos: Zeca Jagger e Zeca Zimmerman — em homenagem a Mick Jagger e Bob Dylan, respectivamente —, além de Angela Dust, que era o nome de uma droga sintética da época. Produtos da imaginação fértil de um apreciador máximo do estilo de vida "rock 'n' roll", segundo Frejat, "foi a maneira como ele viveu e se comportou durante todo esse tempo".
Despedida discreta
Apesar dos "anos a mil", segundo relato daqueles que o conheceram na intimidade, Ezequiel terá uma despedida discreta na manhã deste sábado (10), no Rio, quando seu corpo será cremado numa cerimônia rápida, para amigos próximos e parentes.
Mas Frejat adiantou que a maior homenagem vai acontecer na próxima quarta-feira (14), quando será realizada uma missa na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, às 18h30, "um encontro para celebrar essa pessoa querida, que nos deixa para um voo maior", destacou o cantor.
"Costumo dizer o seguinte: ninguém passou impune por Ezequiel Neves. Quem teve a oportunidade de conhecê-lo, nunca mais foi o mesmo. Suas palhaçadas, brincadeiras e senso de humor tinham um poder de transformação muito positivo. Talvez por isso nunca tenha sido abandonado ou esquecido mesmo nos últimos meses, quando seu estado de saúde piorou. Muitos estiveram perto dele neste período difícil", contou Frejat, acrescentando: "Foi uma pessoa muito importante na minha vida. E me ensinou muito".
Loucura e poesia
Sobre a incrível coincidência de falecer exatamente na data de aniversário de 20 anos da morte de Cazuza, Frejat comentou:
"Foi uma loucura total, né? Talvez essa sincronia possa ser explicada a partir da sintonia que os dois sempre tiveram em vida. Existe uma poesia nisso tudo, que é muito bonita. Vamos ficar com ela".
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