COTIDIANO
Corpo de Armando Nogueira é velado no Maracanã
'Ele pediu autorização à torre para decolar e não avisou onde vai pousar', diz Manduca, filho do jornalista ao chegar ao velório.
Publicado em 29/03/2010 às 16:22
Do Globoesporte.com
Emocionado, Armando Augusto Magalhães Nogueira, mais conhecido como Manduca, filho único de Armando Nogueira, chegou no início da tarde desta segunda-feira ao Maracanã, onde é velado o corpo do jornalista. Aos 83 anos, Armando Nogueira faleceu na última madrugada, em seu apartamento, na Lagoa, na Zona Sul do Rio, em consequência de um câncer no cérebro. Há dois anos, ele lutava contra a doença, que primeiro lhe roubou a capacidade de falar e escrever.
O placar do Maracanã faz homenagens ao cronista, ao exibir montagem com foto de Armando, com data de nascimento e morte, e várias mensagens que são trocadas. O irmão mais velho do jornalista, Wilson Nogueira, também chegou ao estádio. Chorando bastante, ele precisou de ajuda para chegar à Tribuna de Honra.
- Ele hoje pela manhã pediu autorização para a torre para decolar e não avisou onde vai pousar. Mas, com certeza, vai ser em um lugar tranquilo e alegre. Tenho certeza de que o grande comandante foi fazer um lindo voo, sem turbulência e num céu de brigadeiros – disse Manduca, que também é jornalista e atualmente trabalha na Globosat, lembrando da paixão do pai pela aviação.
O único filho de Armando Nogueira, que está com 55 anos, também lembrou de como era a relação com o pai. Os dois trabalharam juntos por muitos anos na TV Globo.
- Nunca tivemos uma relação de pai e filho, foi sempre de amigos. Quando nasci, ele não estava presente. Estava viajando a trabalho. Ele viajava muito, era sempre muito solicitado. E isso despertou em mim o interesse pelo jornalismo. Poucas vezes eu o chamava de pai, e ele me chamava de filho. Sempre fomos grandes amigos. Não saberia falar muito sobre o meu pai, mas sei muito sobre um homem honesto, que lutava pela ética e pela justiça - disse Manduca.
Para Manduca, o jornalista Armando Nogueira foi quem mais escreveu sobre Garrincha. Então, assim como o "Gênio das Pernas Tortas", o velório também deveria ser no Maracanã.
- Isso aqui era o endereço dele todo domingo. O presidente do Botafogo me ligou oferecendo o salão nobre do clube, mas eu disse que o Armando era um cronista de todas as torcidas. Por isso, a despedida tinha que ser em outro lugar. Fomos sócios em grandes projetos da família. Era minha companhia nos aviões, sítios e devaneios.
O diretor da TV Globo Daniel Filho também compareceu ao velório de Armando Nogueira, no Maracanã, acompanhado da esposa, a cantora Olívia Byington. Ele fez questão de ressaltar a importância do jornalista na sua carreira e vida pessoal.
- Ele tinha a palavra certa não só na escrita, mas também para os amigos. Deixou muitas palavras e o espaço dele ocupado. Para mim, o Armando não se foi. Ele deixou a minha cabeça ocupada - afirmou. O ex-jogador Júnior lembrou de uma frase que ouviu de Armando Nogueira quando começou a ser comentarista da TV Globo.
- Ele me disse que é possível criticar sem ofender e elogiar sem bajular - disse o ex-jogador do Flamengo.
O velório de Armando Nogueira acontece na Tribuna de Honra do Estádio do Maracanã. O enterro será nesta terça-feira, às 12h, no cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio.
O governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes anunciaram luto oficial de três dias pela morte “do grande jornalista Armando Nogueira, cujo texto se confunde com os melhores momentos do futebol brasileiro. Um acreano que, na juventude, veio morar no Rio de Janeiro e se transformou em um dos ícones do jornalismo do país”.
A carreira do jornalista inspirou no ano passado a criação do troféu que o homenageia – uma parceria do SporTV com o GLOBOESPORTE.COM – que premia o melhor jogador de cada posição no Campeonato Brasileiro.
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