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CULTURA

A democracia dos pincéis

Painel do artista plástico Clóvis Júnior entrará para o acervo vitalício da Câmara Federal; solenidade acontece nesta quarta-feira (7) em Brasília.

Publicado em 07/11/2012 às 6:00


Em tempos em que arte virou sinônimo de elitismo, Clóvis Júnior resolveu fazer uma arte democrática, inspirada diretamente no povo.

Não é à toa que, depois de viajar pelos mais prestigiados salões internacionais, o artista ganhou lugar cativo no coração da democracia nacional: Brasília (DF), mais precisamente na casa que, em tese, deveria representar os interesses do povo - a Câmara dos Deputados.

Arte e o Povo no Poder, painel de 10 x 2,20 metros que demorou 6 meses para ser concluído, ficará exposto permanentemente, a partir de hoje, no hall de acesso à Câmara, ao lado de obras de artistas como Di Cavalcanti (1897-1976) e Cândido Portinari (1903-1962).

O painel será saudado em cerimônia realizada nesta quarta-feira, às 17h, com a presença do senador Cássio Cunha Lima (PSDB), do deputado Efraim Filho (DEM) e demais parlamentares paraibanos.

Segundo Clóvis Júnior, o convite para integrar o acervo vitalício da casa surgiu no ano passado, quando participou de uma mostra individual na capital federal entre os meses de setembro e outubro.

"A presidência da Câmara gostou muito do meu trabalho e encomendou o painel, que terminei em março deste ano", disse o artista a caminho de Brasília, onde participa da solenidade.

Pintada em acrílico, a obra mostra as duas torres do Congresso Nacional abrigando, em sua semiesfera esquerda e hemisfério direito, as criações do universo naïf de Clóvis.

PERCURSO FIGURATIVO
"Eu resolvi fazer um percurso figurativo pela cultura paraibana, nordestina e brasileira. No centro, posicionei o Congresso como ponto de convergência folclórico e cultural", explica ele.

Os estudos para o painel se basearam em lendas e crenças regionais, como o bumba-meu-boi, elemento já tradicional na sua estética.

A obra foi projetada em seu ateliê no bairro do Bessa, onde o artista prepara uma exposição individual que prevê lançar em João Pessoa no próximo mês, com 20 telas que produziu este ano, série ainda não batizada.

"A pintura é um folclore vivo", afirma Clóvis Júnior. "Ela é a representação do povo, do cotidiano das pessoas. Eu pinto o que vejo nas ruas e este é, para mim, um tema inesgotável", conclui.

Imagem

Jornal da Paraíba

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