VIDA URBANA
Missa de 7º dia de Fátima Lopes é marcada por homenagens
No Dia da Saudade, cerimônia foi celebrada na Catedral Basília da Nossa Senhora das Neves. Familiares, amigos e colegas de trabalho da defensora buscam conforto na oração.
Publicado em 30/01/2010 às 16:30
Da Redação
Este sábado, 30 de janeiro, marcado no calendário comemorativo como a data em que se celebra o Dia da Saudade, será lembrado com um pesar especial por profissionais da área jurídica, familiares e amigos de Fátima Lopes. Uma semana depois do acidente automobilístico que tirou, aos 56 anos, a vida da advogada e chefe da Defensoria Pública do Estado da Paraíba, muitos deles se reuniram nesta tarde, na Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves. Eles queriam prestar solidariedade e buscar na oração o bálsamo para suportar a ausência sentida.
Celebrada pelo padre Ivônio Cassiano, a Missa de 7º dia foi marcada por uma série de homenagens, entre as quais, dos três filhos e também advogados Anna Carla, Anna Carolina e Davi Lopes, e do marido da vítima, o engenheiro Carlos Martinho Correia Lima. Este último estava com a defensora no momento do acidente, mas conseguiu escapar do impacto da colisão.
A advogada ainda foi lembrada por autoridades políticas e colegas de profissão, uma vez que vinha se destacando nos quadros do governo pelo seu desempenho inovador à frente da Defensoria Pública do Estado, sendo a primeira mulher a ocupar o cargo na Paraíba.
Lembre o acidente
Fátima Lopes morreu na manhã do último domingo (24), enquanto se dirigia com o marido a uma missa na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Bairro do Miramar, programa que estavam habituados a fazer todos os finais de semana. Por volta das 6h, o veículo Cross Fox do casal foi atingido por uma Pick-up Mazda (placa MNY-1981), conduzida pelo psicólogo Eduardo Henriques Paredes do Amaral, de 29 anos. O suspeito, que subia a Epitácio Pessoa no sentido Centro-Praia, estava voltando do Mercado da Torre, onde foi tomar café da manhã após sair de uma boate no Centro da Capital.
A defensora pública morreu a caminho do Hospital de Emergência e Trauma, depois de sofrer várias paradas cardíacas. Carlos Martinho Correia, viúvo da vítima, também foi levado ao Hospital de Trauma, mas logo foi encaminhado ao Hospital da Unimed, onde ficou internado durantes dois dias, com ferimentos leves. Ele chegou a ser instalado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no dia do velório da defensora, para a observação de possíveis problemas cardíacos. O acusado de provocar o acidente não teve ferimentos graves.
Violência no trânsito
O acidente ocorreu no cruzamento entre e as avenidas Epitácio Pessoa e João Domingos, mesmo local de outra tragédia que envolveu três membros da família do cantor Zé Ramalho. Dois irmãos e o filho de um deles perderam a vida em uma colisão de circunstâncias parecidas, em maio de 2007.
Assim como no caso que vitimou Francisco Ramalho, de 46 anos (conhecido como “Shuca”), Matheus Ramalho, de 16 anos, e Antônio Ramalho, de 56 anos, o acusado de provocar o acidente com a advogada dirigia o carro em alta velocidade (acima de 100 km/h), ignorou os semáforos de trânsito e ainda é suspeito de assumir a direção sob efeito de bebida alcóolica. Ele se recusou a fazer o exame do bafômetro.
Justiça
No caso da família Ramalho, João Paulo Guedes Meira, acusado de provocar as três mortes, teve a sua prisão decretada, mas está foragido da Justiça há um ano. Apesar de testemunhas relatarem que o reú foi visto transitando livremente em locais públicos de várias cidades do Estado, inclusive em João Pessoa, até o momento ele não foi encontrado pela Polícia. A família, no entanto, continua clamando por justiça.
Já o suspeito do Caso Fátima Lopes, o psicólogo Eduardo Paredes, está preso desde a última segunda-feira (24). Inicialmente, ele foi levado para a Central de Polícia, onde ficou detido por cinco dias, mas como possui diploma de curso superior e direito à cela especial, foi encaminhado nesta sexta (29) para o Centro de Ensino da Polícia Militar, em Mangabeira. Ele aguarda decisão do juiz Marcos William, do 1º Tribunal do Júri, sobre o pedido de liberdade provisória.
A prisão dos responsáveis por acidentes como estes, pode até não aplacar a saudade sentida por parentes e amigos das vítimas. Porém, na opinião das duas famílias, a sensação de respeito à Justiça ajuda a suportar a dor e ainda pode servir como exemplo para motoristas irresponsáveis, evitando que mais vidas sejam interrompidas por pessoas que se utilizam dos veículos como armas. São famílias unidas em duas lutas: contra a saudade e a impunidade.
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