COTIDIANO
65,5 milhões de brasileiros não têm alimentos suficientes, segundo IBGE
De acordo com pesquisa, 11,2 milhões de pessoas chegaram a passar fome. Situação é mais grave no Norte e no Nordeste.
Publicado em 26/11/2010 às 14:48
Do G1
Cerca de 65,5 milhões de pessoas em todo o Brasil vivem em situação de insegurança alimentar, segundo dados do suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2009 sobre Segurança Alimentar, divulgado nesta sexta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse número corresponde a 34,2% da população.
A pesquisa, que abrangeu 58,6 milhões de domicílios, foi realizada em convênio com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Do total de domicílios pesquisados, 40,9 milhões (69,8%) estavam em situação de segurança alimentar. Neles moravam 126,2 milhões de pessoas, o equivalente a 65,8% dos moradores em domicílios particulares do país.
Nos 17,7 milhões de domicílios particulares restantes (30,2%) foi registrado algum grau de insegurança alimentar. Neles viviam cerca de 65,6 milhões de pessoas.
Em 2004, esta prevalência era maior. 34,9% dos domicílios particulares registraram alguma restrição alimentar ou, pelo menos, alguma preocupação com a possibilidade de ocorrer alguma restrição devido à falta de recursos para adquirir mais alimentos.
Em 2009, a prevalência de domicílios com pessoas em situação de insegurança alimentar leve foi estimada em 18,7%, ou, em números absolutos, 11 milhões de domicílios, onde viviam 40,1 milhões (20,9% da população residente em domicílios particulares). A proporção de domicílios particulares com moradores vivendo em situação de insegurança alimentar moderada foi de 6,5% (equivalente a 3,8 milhões). Nestes lares, existiam 14,3 milhões de pessoas (7,4% dos moradores) convivendo com limitação de acesso quantitativo aos alimentos. Do total de domicílios, 5% (2,9 milhões) foram classificados como insegurança alimentar grave, restrição alimentar na qual para pelo menos uma pessoa foi reportada alguma experiência de fome no período investigado. Esta situação atingia 11,2 milhões de pessoas (5,8% dos moradores de domicílios particulares).
Em 2004, as prevalências de domicílios com moradores em insegurança alimentar leve, moderada e grave eram, respectivamente, 18%, 9,9% e 7%. Estes domicílios continham 20,3%, 11,3% e 8,2% dos moradores de domicílios particulares. Portanto, houve crescimento do percentual de insegurança leve e redução dos percentuais de insegurança alimentar moderada e grave.
Grandes regiões
As cinco regiões do país apresentaram prevalências de domicílios em situação de insegurança alimentar com diferentes magnitudes. Enquanto no Norte e no Nordeste, respectivamente, 40,3% e 46,1% dos domicílios encontravam-se em insegurança alimentar, no Sudeste (23,3%) e Sul (18,7%) estas proporções ficaram abaixo de um quarto dos domicílios.
Estados
Considerando a insegurança alimentar grave, o panorama de desigualdade regional permanece, nas regiões Norte e Nordeste, as proporções de domicílios onde algum morador passou pela experiência de fome, nos 90 dias que antecederam à entrevista, foram de 9,2% e 9,3% (em 2004, 11,8% e 13,2%). Nas regiões Sudeste e Sul, a prevalência ficou abaixo de 3%, sendo que em 2004 declararam, respectivamente, 4,1% e 3,7%.
Entre os estados, Santa Catarina, em 2009, continuou com o maior percentual (85,2%) de domicílios que tinham garantido o acesso à quantidade e qualidade suficiente de alimentos para seus moradores, 1 ponto percentual acima do observado em 2004. O Rio Grande do Sul, após um aumento de 5,5 pontos percentuais em relação a 2004, foi o que apresentou o segundo maior percentual (80,8%), seguido pelo Paraná (79,6%).
Todos os estados do Nordeste registraram proporções inferiores à registrada para a média nacional (69,8%), sendo que o Maranhão (35,4%) e o Piauí (41,4%) nem sequer chegavam à metade dos domicílios com alimentação, saudável e em quantidade suficiente assegurada.
Em 2009, todos os estados da Região Norte também apresentaram prevalências domiciliares de segurança alimentar inferiores à registrada para o Brasil. No Centro-Oeste, apenas Goiás estava nestas condições.
O levantamento utiliza a classificação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) e considera o período de referência dos três últimos meses anteriores à data da entrevista.
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