Terra natal que conta história

A terra natal sempre foi tema ou ambientação de escritores em seus diversos trabalhos. E não foi diferente para o escritor e compositor Braulio Tavares. No artigo produzido para este caderno especial, Braulio cita uma Campina Grande fascinante em seu crescimento, suas contradições, suas distorções, sua criatividade, seu moído permanente em busca do novo e do grandiloquente. É tanto que em muitos escritos sobre a cidade, o passado é inimigo do presente e a palavra moderno foi uma constante na história de Campina Grande, como se a cidade sempre estivesse em busca dessa tão sonhada modernização.

Braulio Tavares também resgata o momento quando Campina Grande surgiu como fonte de inspiração literária para ele. Foram nas páginas do romance de Ricardo Soares, 'Nadir', que ele encontrou uma cidade com “o susto e o estranhamento de quem pela primeira vez escuta a própria voz num gravador. Ali estavam a Flórida, o Cine Capitólio, a Praça da Bandeira, os cabarés das Boninas e da rua Manoel Pereira de Araújo, a churrascaria Dallas, os pequenos edifícios de apartamentos baratos. E mais do que os ambientes estavam as pessoas”, descreve Braulio no artigo.

E para escrever o artigo em homenagem aos 148 anos de Campina Grande, Braulio Tavares disse que procurou lembrar de que maneira a cidade onde nasceu estava presente em seu trabalho literário. Segundo Braulio, a presença mais evidente que ele encontrou foi na criação da cidade imaginária de 'Campinoigandres', que serve como ambientação ou pano de fundo para um romance e dois contos que ele escreveu. “É uma cidade parecida com Campina Grande e diferente dela, mas que sintetiza minha experiência de ter nascido e ter sido criado em Campina”, ressaltou.

Braulio Tavares

Escritor e compositor, Braulio Tavares nasceu em Campina Grande em 1950 e reside no Rio de Janeiro desde 1982. Tem mais de 20 livros publicados, incluindo romance, conto, ensaio, poesia e literatura de cordel. Títulos mais recentes: 'ABC de Ariano' (perfil biográfico, José Olympio, Rio, 2007), 'A Pulp Fiction de Guimarães Rosa' (ensaio, Marca de Fantasia, João Pessoa, 2008), e 'Contos Obscuros de Edgar Allan Poe' (antologia, Casa da Palavra, Rio de Janeiro, 2010).
Ganhador do prêmio Caminho de Ficção Científica, em 1989, em Lisboa, com 'A Espinha Dorsal da Memória'; do prêmio Shell de Teatro, em 1992, com a peça 'Brincante', em parceria com Antonio Nóbrega; do prêmio APCA de Literatura Infantil, em 2007, com 'O Flautista Misterioso e os Ratos de Hamelin'; e do prêmio Jabuti de Literatura Infantil, em 2009, com 'A Invenção do Mundo pelo Deus-Curumim', em parceria com Fernando Vilela.