COTIDIANO
Arcebispo do Recife diz que Lula deve procurar teólogo
Médicos e mãe foram excomungados após fim de gravidez de menina. Presidente disse que 'medicina está mais correta que a Igreja'.
Publicado em 07/03/2009 às 14:44
Do G1
O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, disse, neste sábado (7), que os envolvidos na interrupção da gravidez de gêmeos de uma menina de 9 anos podem ser perdoados, se mostrarem arrependimento. A declaração foi dada durante missa da Campanha da Fraternidade na Basílica do Carmo.
"Não existe pecado sem perdão, mesmo para a pessoa que cometeu aborto. Agora, para receber o perdão é preciso arrepender-se, é preciso uma conversão", disse Sobrinho.
O aborto ocorreu na quarta-feira (4). Em seguida, o arcebispo anunciou que a mãe da garota e os médicos que participaram do aborto foram excomungados.
Neste sábado, o arcebispo também rebateu as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao comentar o caso, o presidente disse, na sexta-feira (6), que a "medicina está mais correta que a Igreja". Para Sobrinho, Lula deve buscar a assessoria de algum teólogo para falar com mais propriedade sobre o tema. "Se o presidente da República deseja fazer um pronunciamento sobre um tema teológico, eu sugeriria que ele primeiro tivesse ajuda de seus assessores que conheçam a doutrina da Igreja Católica."
No Paraná, o bispo primaz dom Geraldo Majella Agnelo também falou sobre o assunto. "Se o governo não defende a vida humana, desde sua concepção, quem vai defender? Só mesmo quem tem fé", afirmou. "Hoje que a medicina tem tantos meios, tantos recursos, que vá acompanhando o curso da natureza. O que ela não pode fazer é matar a mãe, nem a criança."
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota, na sexta, em que destaca o mandamento "não matarás" e reforça as críticas feitas ao aborto. A imprensa italiana informou que o Vaticano apoia a decisão do arcebispo.
Violência
A gravidez da criança foi descoberta logo após o carnaval. Ela reclamou de dores e foi levada a uma unidade de saúde. Os médicos classificaram a gestação de 15 semanas como de alto risco, pela idade e por ser de gêmeos. Segundo os médicos, a mãe pediu para que o aborto fosse realizado.
O padrasto da menina foi preso, suspeito de ter abusado da garota e ser pai dos bebês que ela esperava. De acordo com a polícia, a menina sofria violência sexual desde os 6 anos.
A menina teve alta nesta sexta-feira e passa bem, segundo o diretor do hospital em que ela estava internada, Sérgio Cabral. Ela e a mãe devem ser encaminhadas para um abrigo no Recife, por determinação do Ministério Público. Elas não devem voltar imediatamente para Alagoinha (PE), onde moravam.
Campanha da fraternidade
Antes da missa deste sábado, na Basílica do Carmo, fiéis espalharam sapatos, para lembrar as 768 pessoas assassinadas, desde janeiro, em Pernambuco. Fraternidade e Segurança Pública é o tema da Campanha da Fraternidade deste ano.
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