ECONOMIA
Inadimplência volta a assustar
Contas em atraso aumentaram nas duas maiores cidades do Estado. Em fevereiro, calote subiu 49% na capital e 11% em Campina Grande.
Publicado em 23/03/2014 às 8:00
O fantasma da inadimplência recuou no final do ano passado, mas voltou a assustar no primeiro bimestre deste ano nos dois maiores centros comerciais da Paraíba. Em João Pessoa, a alta do endividamento foi de 49% em fevereiro, comparado ao mesmo mês de 2013. Em Campina Grande, o aumento foi de 11%. As dívidas de início do ano representam a falta de planejamento na administração de débitos antigos, incrementados no Natal, somados aos gastos típicos de janeiro com escola, impostos e férias. Especialistas garantem que com disciplina e organização, este quadro pode ser revertido.
Planejar as finanças domésticas, não gastar mais do que ganha, evitar compras acrescidas de juros altos, restringir o uso do cartão de crédito e adotar o hábito de poupar. Estas são as dicas da economista do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim, para o consumidor não cair na inadimplência ou tentar sair dela.
Segundo Ione, se as obrigações de começo de ano são previsíveis, então não é difícil estabelecer limites para os gastos de dezembro e fazer reserva para pagar as contas do primeiro bimestre como matrículas escolares e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
“Para fazer a reserva, basta somar o valor pago com estas obrigações no ano anterior, acrescentar um percentual para cobrir o reajuste da inflação no período e dividir pelo número de meses até o pagamento. Assim é possível saber quanto deve-se depositar numa conta poupança específica o dinheiro para essa finalidade”, orientou Ione.
E um dos vilões para gerar inadimplência são as taxas de juros de cartões de crédito e dos empréstimos bancários, consideradas uma das mais altas do mundo. Para o diretor do Sistema de Proteção ao Crédito (SPC) em João Pessoa, Lindenbergh Vieira, quando o consumidor não cumpre seus pagamentos em dia as taxas do cartão de crédito são criminosas e impraticáveis. “Chegam a 19% ao mês”, criticou.
Possuir vários cartões de crédito também é uma tentação ao equilíbrio financeiro de vários lares. A anuidade de alguns desses “dinheiro de plástico” foram reajustadas em até 85% segundo o Idec. O estudo feito com os seis maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú e Santander), apontaram que das 209 modalidades de cartões de crédito, 99 (45% do total), tiveram os preços corrigidos com índices que variam entre 4,7% até 85%, entre janeiro de 2013 a janeiro de 2014.
O diretor do SPC-JP, Lindenbergh Vieira, diz que uma das formas de prevenir a inclusão do nome nos serviços de proteção ao crédito é evitar os abusos no uso do cartão. “Além de parcelar feiras de supermercado no cartão de crédito, consideram o cartão e também o cheque especial um segundo salário. Ou seja, quando recebem o dinheiro do mês, pagam o cartão e o cheque e começa tudo de novo. O cartão deve ser usado em ocasiões especiais, em uma emergência ou para aproveitar uma promoção”, orientou.
O pagamento à vista, com a exigência de desconto, também é uma das saídas para quem não quer acumular contas no final do mês. Lindenbergh Vieira alertou para que se descarte compras no cartão de crédito para terceiros tampouco avalista.
“Se a pessoa para quem você emprestou o cartão não tem crédito, como é que ela vai pagar as compras feitas no seu cartão. Comumente as pessoas ficam com o nome sujo porque fazem isso”.
Mas o consumidor não deve adotar um comportamento mesquinho e ficar poupando em tudo, basta apenas ter consciência dos seus gastos. “Dinheiro foi feito para gastar, contudo, devemos usar o nosso dinheiro porque quando solicitamos o dos outros, através do crédito, pagamos juros que são como cupim, que corrói o orçamento pessoal e familiar”, afirmou o palestrante e consultor financeiro, Erasmo Vieira.
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