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VIDA URBANA

Cabo Edvaldo nega que matou Rebeca e diz que está sendo usado como 'bode expiatório'

Ex-padrasto de Rebeca, estuprada e morta em 2011, está sendo julgado nesta quinta-feira.

Publicado em 28/02/2019 às 13:45 | Atualizado em 01/03/2019 às 7:34


                                        
                                            Cabo Edvaldo nega que matou Rebeca e diz que está sendo usado como 'bode expiatório'
Segundo a acusação, padrasto planejou a morte de Rebeca (Foto: Dani Fechine/G1)

				
					Cabo Edvaldo nega que matou Rebeca e diz que está sendo usado como 'bode expiatório'
(Foto: Joana Rosa). Joana Rosa

O cabo Edvaldo Soares da Silva negou ter matado sua ex-enteada Rebeca Cristina Alves, que foi estuprada e morta em 2011. A negativa foi reiterada na tarde desta quinta-feira (28) durante seu julgamento como acusado de homicídio qualificado e de estupro qualificado. Durante o depoimento, ele disse que querem condená-lo para dar uma satisfação à sociedade e está sendo um bode expiatório do caso.

Edvaldo chorou durante seu depoimento enquanto dizia que tratava Rebeca como uma filha, comprava os alimentos que ela gostava e levava a menina para tomar seus sorvetes preferidos na sorveteria. "Era relação de pai e filha", garantiu, destacando que também tratava o namorado da jovem como um filho e que a menina o chamava de 'painho'.

Sobre a teoria de que ele teria matado Rebeca porque a menina tinha descoberto que ele matinha uma relação homossexual enquanto era casado com sua mãe, Edvaldo deu uma nova versão para a história. Segundo ele, quem encontrou as mensagens em seu celular foi, na verdade, a mãe de Rebeca, sua esposa na época, e que se tratava de uma outra mulher que 'dava em cima' dele. "Eu procurava exercer o papel de provedor do lar", disse.

Sentimentos pela vítima

Além de Edvaldo, também foram ouvidos nesta tarde dois peritos que atuaram no caso e um ex-colega dele da Polícia Militar. Um dos peritos, José Otávio Pires disse que há indícios de que o réu tinha sentimentos pela vítima. Segundo Otávio, Rebeca foi encontrada vestida com sua roupa íntima, mesmo tendo sido estuprada. Segundo ele, quando o estuprador é uma pessoa aleatória, não existe preocupação de vestir a vítima. Estes casos, disse ele, têm comprovação de pesquisas em psicologia forense.

A expectativa é de que o julgamento, presidido pelo juiz Marcos William de Oliveira, só termine na madrugada da sexta-feira (1º). O júri é formado por três mulheres e quatro homens.


				
					Cabo Edvaldo nega que matou Rebeca e diz que está sendo usado como 'bode expiatório'
Segundo a acusação, padrasto planejou a morte de Rebeca (Foto: Dani Fechine/G1). Segundo a acusação, padrasto planejou a morte de Rebeca (Foto: Dani Fechine/G1)

Vítima de tentativa de estupro

Uma jovem que acusa o Edvaldo de tentativa de estupro quando ela tinha 13 anos, uma amiga de Rebeca e um ex-policial, que era amigo do réu e estava de plantão com ele no dia do crime foram ouvidos durante a manhã. Outras duas pessoas arroladas pelas acusação, os delegados Bruno Veloso e Glauber Fontes, que atuaram na investigação, não compareceram.

A primeira a depor na manhã desta quarta-feira, foi a jovem Gislayne Tays Santiago da Costa, de 25 anos. No depoimento, ela relatou ter sido vítima de uma tentativa de estupro por parte de Edvaldo em 2006, quando ela tinha 13 anos. Gislayne se negou a depor em frente ao acusado.

Ela disse que conheceu Edvaldo quando tinha cerca de 4 anos, na igreja, e que ele era muito amigo da família dela. Emocionada, ela contou que Edvaldo invadiu a casa dela durante a madrugada e a atacou. A mãe dela chegou a entrar em luta corporal com ele e foi agredida. Segundo Gislayne, a família dela prestou queixa do caso, mas a investigação não prosseguiu porque o delegado não quis ouvir o depoimento dela.

Durante o julgamento, Edvaldo disse que não se pronunciaria sobre a acusação de Gislayne porque esse caso já tinha sido resolvido.

A segunda testemunha, também apresentada pelo Ministério Público, foi o ex-policial Flávio César Dias Moura Palitot. Ele trabalhava com o cabo Edvaldo na segurança do Presídio do Roger e estava de plantão no dia da morte de Rebeca.

Amiga diz que foi coagida

A terceira testemunha ouvida foi Mikaelle de Maia Arruda, amiga de Rebeca, que também preferiu depor sem a presença de Edvaldo. Ela relatou o teor das mensagens que Rebeca encontrou no celular do padastro, que comprovavam que Edvaldo tinha uma relação extraconjugal com um outro homem. As mensagens, segundo ela disse no depoimento, continham teor sexual.

Ela contou que na época do crime, Edvaldo entrou na casa dela com dois supostos polícias, deu uma 'prensa' dizendo ter certeza de que ela sabia quem tinha matado Rebeca.

Também durante seu depoimento no julgamento, o réu disse que a acusação é mentirosa. “Eu desafio a pessoa que falou isso é quero que ela traga provas, gravação, provas dessas pessoas que foram lá na casa dela. Porque não fui eu”, disse.


				
					Cabo Edvaldo nega que matou Rebeca e diz que está sendo usado como 'bode expiatório'
Amiga de Rebeca depôs no julgamento (Foto: Acervo pessoal).

Estupro e morte

O crime aconteceu no dia 11 de julho de 2011. O corpo de Rebeca foi encontrado, no mesmo dia, na Mata de Jacarapé, às 14h30. A adolescente Rebeca tinha apenas 15 anos, quando foi estuprada e assassinada no trajeto entre sua casa e o Colégio da Polícia Militar, em Mangabeira VIII, Zona Sul de João Pessoa. Segundo o processo, o Cabo Edvaldo estaria acompanhado de indivíduo ainda não identificado, quando, em tese, teria praticado os crimes.

Segundo os autos, os crimes de homicídio e estupro foram comprovados pelos exame de corpo de delito. De acordo o laudo pericial, a causa da morte foi traumatismo cranioencefálico, decorrente de ferimento causado por arma de fogo.

O Ministério Público acredita na condenação do Cabo Edvaldo. “Vamos expor dos autos de forma cristalina, a prova indiciária que foi coletada na instância policial. O papel dele foi integral, pelo que apuramos. A jovem descobriu um romance extraconjugal, ele começou a presentear a moça, começou a chantageá-la, e não funcionou. A partir daí ele engendrou esse plano, criou diversos álibis,mas não funcionou”, disse o promotor Marcus Leite.

O advogado de defesa Wagner Veloso Martins não quis detalhar a linha da defesa, mas afirmou que Edvaldo é inocente. “O inquérito teve mais de 130 testemunhas, o processo teve mais de 20 testemunhas. O povo da Paraíba tem que ter direito às testemunhas, a verdade virá à tona, será desvendada aqui na tribuna do júri. A verdade é que Edvaldo Soares é inocente”, disse.

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Jhonathan Oliveira

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