VIDA URBANA
Abrigo: permanência máxima 2 anos
O que era para ser passageiro, acaba sendo a única alternativa para quem não se enquadra no perfil exigido pelos candidatos à adoção.
Publicado em 07/06/2015 às 7:40 | Atualizado em 08/02/2024 às 16:55
Abandonados ou negligenciados pela família biológica, crianças e adolescentes encontram nas instituições de acolhimento o abraço que faltava em casa. Mas o que eles desejam mesmo vai além disso. O sonho é conseguir uma nova família, ganhar um novo lar. Embora a Nova Lei da Adoção determine que o acolhimento seja de no máximo 2 anos, muitos veem a infância e a adolescência passar dentro dos muros da instituição. O que era para ser passageiro, acaba sendo a única alternativa para quem não se enquadra no perfil exigido pelos candidatos à adoção.
Segundo o juiz Adhailton Lacet, da Vara da Infância e Juventude, isso deveria ser uma exceção, mas não é. “Infelizmente essa realidade não depende da Justiça, muito menos das crianças e adolescentes. Essa exclusão se deve ao perfil buscado pelos candidatos habilitados à adoção”, explicou. Quem deseja adotar tem preferência em levar para casa crianças recém-nascidas ou com até 2 anos, de pele clara e sem problemas de saúde.
Mas nas instituições, a realidade é outra. A maioria tem pele parda e mais de 5 anos. Outro fator que impede a adoção, segundo o juiz, é o fato da criança possuir irmãos. “É preciso que haja uma mudança de mentalidade por parte de quem quer adotar. A adoção deve ser um ato de amor, livre de preconceitos. A adoção tardia, que acontece quando a criança tem 7, 8 anos ainda é algo difícil de acontecer”, declarou.
De acordo com Lacet, há casos de meninos que chegam às instituições com 7 anos, por exemplo, e chegam à maioridade sem nunca ter tido uma chance de ser adotado. “Quando ele completa 18 anos, tem que ir embora da instituição de acolhimento. Nossa equipe faz o direcionamento para que ele seja inserido no mercado de trabalho e que seja protagonista de sua história”, afirmou o juiz.
A intenção é que o jovem não deixe a dor do abandono ser mais forte que a vontade de vencer. A psicóloga Carolina Granja, também da Vara da Infância, explicou que os jovens não são largados à própria sorte quando completam 18 anos. “Eles são inscritos em programas habitacionais e podem até ficar na casa até que se organizem melhor ou até os irmãos crescerem mais”, afirmou.
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