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VIDA URBANA

Mar avança no Conde e destrói barreiras e muros de casas

Na praia de Carapibus, a força das águas do oceano aumenta erosão em barreiras.  

Publicado em 29/01/2015 às 6:00 | Atualizado em 27/02/2024 às 17:51

Os efeitos provocados pelo avanço do mar na orla paraibana já são visíveis também no Litoral Sul do Estado. Na praia de Carapibus, no Conde, Região Metropolitana de João Pessoa, a força das águas do oceano está destruindo as barreiras que estão em avançado estado de erosão. Alguns minutos de caminhada à beira-mar, é possível encontrar destroços de construção civil decorrentes do processo natural, que em algumas extremidades já derrubou muros de casas.

Morar em residências com vistas para o mar é a realização do sonho de muitas pessoas, mas por conta do desgaste natural, que tem atingido a costa, moradores de Carapibus estão apreensivos e temem perder seus bens, a exemplo do bancário aposentado Fernando Souto, 51 anos.

Segundo Souto, há aproximadamente sete anos, quando fez a aquisição de um imóvel de frente para o mar, a situação era amena e ele acreditava que os prejuízos sofridos pelo meio ambiente fossem demorar mais tempo até atingir a barreira, onde a casa que reside está localiza a cerca de 30 metros. “Nós já estamos preocupados, assim como moradores vizinhos.

Outro dia, informalmente, estávamos conversando sobre a possibilidade de construirmos um muro de contenção com sacos de areia e concreto para evitar que o mar avance mais e vá destruindo a barreira aos poucos até alcançar nossas casas”, declarou.

A precaução prevista por esses moradores ainda não foi tomada pelo poder público, o que resultou na erosão em diversos trechos da praia. Em alguns casos, residências erguidas no topo das barreiras já tiveram parte da estrutura desmoronada junto aos sedimentos da superfície, deixando tijolos, restos de escadas e de outros materiais usados na construção expostos na areia da praia.

De acordo com especialistas, é justamente o avanço imobiliário em encostas que agravam a erosão por conta do declive do terreno, que quando aliado ao longo processo de atrito das ondas e marés com as falésias, acelera ainda mais o fenômeno. Com a degradação das barreiras, além da perda para o meio ambiente e de bens materiais para os moradores da região, outro problema surge: o risco aos banhistas.

Para a estudante Thaís Lucena, 21 anos, ao mesmo tempo em que o resto da barreira e das construções se acumulam na areia e dificultam o trajeto à beira-mar, gera temor em quem passa pelo local. “A paisagem é linda e um convite a uma caminhada na faixa de areia. Mas no subconsciente, desperta o medo de que mais uma parte da barreira possa voltar a cair, mesmo que pequenos pedaços, no momento em que nós banhistas fazemos a travessia. É preciso realizar ações que evitem maiores danos”, sugeriu.

PREFEITURA NÃO TEM PROJETO
O secretário de Turismo e do Meio Ambiente do município do Conde, Alexandre Cunha, informou que atualmente não há nenhum projeto previsto para conter os danos na falésia de Carapibus, mas afirmou que existe a possibilidade de um estudo de toda área afetada. “Isso precisa ser feito juntamente aos demais órgãos ambientais competentes, como a Sudema (Superintendência de Administração do Meio Ambiente), para que haja a aprovação de possíveis obras de contenção da barreira, a exemplo da construção de gabiões”, disse.

Alexandre Cunha, que também é presidente do comitê do Projeto Orla do Conde, adiantou que esse grupo de estudos já fez um levantamento sobre o local acerca das invasões de imóveis e da própria falésia e que a partir de uma reunião do comitê, prevista para depois do Carnaval, será avaliada a possibilidade de realizar algumas intervenções. “Obras de contenção de barreira é algo que não tem um consenso entre os ambientalistas. Enquanto uns enxergam a necessidade das ações, outros acreditam que nada deve ser feito, pois a natureza deve seguir seu curso normal. No entanto, como no comitê do Projeto Orla há membros de todos os órgãos competentes, vamos nos reunir e ver a situação mais viável para que a prefeitura possa aplicar ações efetivas no local, já que essa possibilidade também precisa da aprovação do projeto”, observou.

Para o secretário, a erosão não é proveniente apenas das construções dos imóveis no topo da barreira, “mas também por ela se tratar de uma encosta viva, onde o solo é de argila e muito frágil”. “Devido à proximidade com o mar, o avanço das marés vai fazendo a escavação na parte de baixo da falésia, que com o passar do tempo a faz ir ao chão, independentemente de ter, ou não, imóveis construídos”, pontuou.

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Jornal da Paraíba

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