POLÍTICA
Gurgel diz que Valério não precisa de proteção
Segundo ele, não há "risco iminente" de atentado contra sua integridade física.
Publicado em 06/11/2012 às 8:00
O procurador geral da República, Roberto Gurgel, afirmou hoje que não há motivo para conceder, no momento, proteção especial ao empresário Marcos Valério de Souza, o operador do mensalão. Segundo ele, não há "risco iminente" de atentado contra sua integridade física.
Gurgel disse também, num evento em Aracaju, que eventuais revelações dele sobre o mensalão poderão levar a delações premiadas somente em novas investigações ligadas ao caso.
Valério foi condenado a mais de 40 anos no julgamento do mensalão, que ainda não terminou. Sua defesa enviou, em setembro, um fax ao Supremo dizendo que ele estaria disposto a trazer novos fatos e que pedia proteção, alegando risco de morte.
"A notícia que me chegou dele foi no sentido de que não havia ainda nada que justificasse uma providência imediata", disse o procurador. "Agora, se ele viesse a fazer novas revelações, aí sim, esse risco poderia se consubstanciar", completou Gurgel.
Na mesma época, Valério procurou Roberto Gurgel para informar que tinha novas informações sobre as relações com o PT. Em troca, pediu ingresso no programa de proteção à testemunha.
O depoimento então foi prestado, segundo a reportagem apurou, às procuradoras da República Cláudia Sampaio e Raquel Branquinho. Ambas atuam nas investigações do caso do mensalão desde 2005 e já ouviram Valério outras vezes. Gurgel não comenta publicamente o depoimento.
A estratégia da defesa de Valério, na avaliação de ministros do STF, é tentar inclui-lo no programa de proteção, que o enviaria a lugar não identificado, sob proteção do Estado. A proteção não anularia sua condenação, mas poderia, na prática, abrir brecha para evitar a cadeia.
Indagado sobre as declarações de Valério neste depoimento, que envolveriam o ex-presidente Lula, Gurgel pediu "cautela", pois a fala não aconteceu no momento da instrução criminal.
O procurador-geral afirmou ainda que Valério precisa trazer informações que sejam consideradas importantes pelo Ministério Público e que contenham provas.
A procuradora Raquel Branquinho disse, por meio da assessoria da Procuradoria, que não se manifestaria sobre o depoimento. Cláudia Sampaio não foi localizada pela assessoria.
PENA
O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, afirmou ontem em Recife que eventuais revelações de Valério não terão influência sobre uma possível redução de sua pena. O ministro afirmou que uma redução de pena para Valério só é "viável" por critérios técnicos.
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