VIDA URBANA
Pesquisas de Engenharia Elétrica da UFCG têm 900 publicações internacionais
As pesquisas da UEPB também são destaque: foram à Grécia em julho deste ano.
Publicado em 11/10/2019 às 7:00 | Atualizado em 12/10/2019 às 9:58
“Vim para Campina Grande há mais de 20 anos. Fui técnico de laboratório na UFCG durante todo esse tempo. Vi de perto o desenvolvimento da universidade. Ajudei em diversas pesquisas, inclusive de doutorado, mas também abracei alunos que precisavam de colo. Hoje tenho muito a comemorar.” O relato é de Pedro Farias, um senhor de 71 anos que costuma frequentar a Catedral da cidade, e faz questão de explicar por onde passa a importância do município, que completa 155 anos nesta sexta-feira (11) em sua vida.
A história de seu Pedro, assim como tantas outras, se confunde com a da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). A instituição surgiu em 1952, como Escola Politécnica da Paraíba, e em 2002 desmembrou-se da Universidade Federal da Paraíba e se tornou a primeira instituição federal no interior do Nordeste. Atualmente, a UFCG conta com cerca de 15 mil alunos em 81 cursos, e as pesquisas produzidas na universidade nas diversas engenharias tem ganhado destaque internacional. Hoje, de acordo com o ranking universitário da Folha, que mede os conceitos de instituições de ensino superior do Brasil, os cursos de Engenharia Elétrica e Ciências da Computação da UFCG estão em 12º e 16º lugar, respectivamente, em comparação aos demais do país.
O que a pesquisa campinense tem a comemorar
Dentre os destaques está a recente conquista de um grupo de alunos de Engenharia Elétrica do Campus I, da UFCG. No último dia 3, eles receberam o Prêmio PELS de Melhor Ramo Estudantil 2019 (Best Student Branch Award), concedido pela Sociedade de Eletrônica de Potência (Power Eletronics Society - PELS) do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (Institute of Electrical and Electronic Engineers - IEEE), a representações estudantis que se destacaram em âmbito mundial.
Na mensagem encaminhada aos estudantes da UFCG, o vice-presidente executivo do IEEE PELS, Jinjun Liu, reconhece que os estudantes realizaram excelentes resultados em várias atividades, além de apresentar benefícios em servir aos membros da instituição. “Estou certo que este notável resultado irá motivá-los em mais atividades no futuro”, comentou Jinjun Liu.
De acordo com Rodrigo Leal, doutor em Engenharia Elétrica e membro do grupo premiado, o curso da UFCG possui cerca de 900 publicações internacionais, e além das pesquisas acadêmicas, os alunos do IEEE PELS/IAS realizam atividades sociais, como palestras e workshops com professores de fora do país. Dessa forma, os docentes de outras nacionalidades podem transferir seus conhecimentos e ainda prestigiam os laboratórios e as pesquisas sobre eletrônica de potência desenvolvidas na universidade.
Para Phelipe, os alunos da UFCG, e em especial os do curso de engenharia elétrica, têm muito a comemorar no aniversário de 155 anos de Campina Grande. "Nesse aniversário de Campina Grande, é muito importante destacar a visibilidade e o prestígio que nossa cidade e a UFCG têm internacionalmente, através do curso de engenharia elétrica, considerado um dos mais conceituados da América Latina. Esse reconhecimento não é obtido apenas pelo excelente trabalho desenvolvido pelos professores, comissionados e alunos, mas também pelas pesquisas científicas desenvolvidas nos últimos anos", comentou Phelipe.
UEPB
Além da UFCG, Campina também hospeda o principal campus da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Na instituição estão matriculados mais de 19 mil alunos em 61 cursos de graduação, e as pesquisas na área de saúde e tecnologia também se tornaram responsáveis por levar alunos para fora do país, como é o caso dos pesquisadores do Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde (Nutes).
A estrutura do Nutes conta com 60 alunos pesquisadores e 12 professores orientadores. Eles têm desenvolvido produtos em tecnologia, que estão sendo expostos e vendidos para o mundo inteiro.
De acordo com o professor e coordenador de Ciência da Computação do Campus I da UEPB, Paulo Eduardo Silva, 93% dos alunos matriculados regularmente no curso estão empregados na área. “Cerca de 20% dos nossos alunos são de outros estados, mas, quando se formam, a maioria tem se estabelecido no mercado de Campina Grande. Existem muitas empresas de Tecnologia da Informação na cidade, o mercado está em constante crescimento”, destaca.
Internet das coisas
Em julho deste ano, Paulo e outros pesquisadores do Nutes foram à Grécia apresentar os resultados do projeto OcarloT, uma plataforma de ‘internet das coisas’ que busca facilitar o tratamento da obesidade infantil. O projeto envolve o trabalho de pesquisadores de várias partes do mundo, como Espanha e Portugal, e, além dele, o núcleo da UEPB também tem ganhado espaço em convênios internacionais, como a parceria para o desenvolvimento produtivo com a Universidade de Waterloo, no Canadá.
Presente de aniversário
No último dia 30 de agosto o Governo Federal anunciou o descontingenciamento de R$ 13 milhões em verbas da Universidade Federal de Campina Grane (UFCG). Na instituição, R$ 27 milhões foram bloqueados, e a previsão era de que a universidade entrasse em um colapso no final de setembro, o que não aconteceu graças a liberação de 7% do orçamento bloqueado, no início do mês.
Ao todo, as universidades e institutos federais da Paraíba vão receber R$ 43,85 milhões, mas esse valor, no entanto, é apenas a metade do recurso que foi bloqueado pelo Ministério da Educação em abril deste ano.
Já a UEPB não foi atingida pelo contingenciamento, que é federal, mas tem acumulado perdas orçamentárias, orçadas em R$ 500 milhões, nos últimos 10 anos. Em 2018, a universidade deveria receber R$ 317 milhões, mas acabou tendo em caixa R$ 290 milhões.
Para o professor presidente da ADUEPB, Nelson Júnior, o orçamento de 2019 repete o de 2015. “Entre julho de 2018 e janeiro de 2019 foram reduzidas cerca de 6 mil vagas na universidade. Isso mostra o prejuízo que significa o corte na UEPB", comentou Nelson.
Apesar das dificuldades, para quem convive diariamente com a realidade das instituições, há o que comemorar. Seu Pedro Farias, nosso primeiro entrevistado, ressalta que estes ambientes se tornam o lar dos alunos e dos funcionários. As relações cultivadas, assim como as pesquisas desenvolvidas, refletem na evolução da cidade, e esse frenesi universitário é o que traz felicidade aos campinenses que constroem, todos os dias, a educação superior da cidade, como ressalta seu Pedro: “Quando a gente faz um trabalho que favorece a comunidade, a gente se sente contemplado”.
* Bruna Couto é aluna de jornalismo na Universidade Estadual da Paraíba e estagiária do Jornal da Paraíba. Esta série de reportagens foi produzida sob orientação de Aline Oliveira.
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