Roberta Sá lança novo disco com parcerias com Martinho e Chico Buarque

Cantar o amor abraçando compositores de diferentes épocas, lugares e estilos. Essa é a definição que Roberta Sá faz do seu sexto álbum, Delírio (Som Livre/MP,B Discos, R$ 21,80), que traz 11 canções, sendo oito inéditas, com participações de Chico Buarque, Martinho da Vila, António Zambujo e Xande de Pilares.

Das composições escritas especialmente para a cantora potiguar radicada no Rio de Janeiro, Adriana Calcanhotto criou ‘Me erra’. “Eu disse pra Adriana que queria algo no caminho do seu Micróbio do Samba (álbum lançado em 2011)”, conta Roberta, em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA. “A música também segue o mesmo fio condutor do universo feminino de ‘Amanhã é sábado’ (composição de Martinho da Vila no disco)”.

Entre as conversas com Martinho, Roberta Sá pediu uma música como ‘Disritmia’ “como dita pela mulher na relação”. O sambista gostou da proposta e, inclusive, dividiu o estúdio com a artista.
Chico Buarque empresta sua voz na faixa ‘Se for pra mentir’ (Cézar Mendes e Arnaldo Antunes). A música foi lançada em 2011, no disco 6º Solo da Luciana Mello, mas parecia uma autoria de Chico, de acordo com a cantora. “É a cara dele. Ele é muito especial e de uma personalidade que faz essa música parecer com uma que ele fez”.

A amizade de quase uma década com o português António Zambujo fez com que eles gravassem em Lisboa a faixa ‘Covardia’ (clássico de 1938 criado por Ataulfo Alves e Mário Lago), um samba-canção com pitadas de fado em virtude da guitarra portuguesa do músico Bernardo Couto. “Acho que o choro e o samba-canção são primos do fado”, analisa. “A amizade com Zambujo é quase como uma família Brasil-Portugal. Acho bastante natural ele estar nesse disco. Sou nordestina aí do lado, no Rio Grande do Norte, e percebo semelhanças entre a região e Portugal até na comida”, enfatiza.

Falando de amor atemporal, ‘Última forma’ (Baden Powell e Paulo César Pinheiro, de 1972) completa o quadro de não-inéditas de 'Delírio', ao lado de ‘Covardia’ e ‘Se for pra mentir’. “Essas três regravações eu queria fazer a um bom tempo”, confessa. “Para as outras, as relações foram acontecendo assim que terminei Segunda Pele (seu disco anterior, de 2012)”.

Já a composição inédita de Rafael Rocha, integrante da banda carioca Tono, foi escolhida para batizar o disco produzido por Rodrigo Campello, que também abre as portas para novos colaboradores como Tom Veloso e Cézar Mendes, que assinam juntos ‘Um só lugar’. Além desta e ‘Se for pra mentir’, é de Cézar Mendes também uma terceira colaboração do álbum, ‘Não posso esconder o que o amor me faz’, esta em parceria com José Carlos Capinan.

“Cézar me apresentou essas três músicas quando me conheceu. Me perguntou quais eu iria gravar e eu disse: as três!”, relembra. “Ele é um compositor maravilhoso de uma raridade de trabalhar com diferentes gerações”.

Fã desde o grupo Revelação, Roberta Sá divide a autoria de ‘Boca em boca’ com Xande de Pilares, uma parceria que aconteceu depois de um encontro de camarim.

Roberta Sá conta que o pontapé da turnê de Delírio acontecerá com um show no dia 21 de novembro, no Vivo Rio. A mais recente passagem da cantora e compositora no Estado foi em janeiro do ano passado, na programação do Extremo Cultural, em João Pessoa. “A Paraíba é muito musical. Tentei já gravar coisas do Chico (César), mas não consegui ainda porque elas não se encaixariam na proposta deste novo disco. Também amo o Braulio Tavares. Sou muito fã dele”.