ECONOMIA
Banco do Nordeste lança crédito sem burocracia para microempresas
Expectativa é emitir mil cartões até o fim do ano; limite do crédito concedido pode chegar a R$ 1 milhão.
Publicado em 27/03/2016 às 8:00
Crédito para micro e pequenas empresas de até R$ 1 milhão para pagamento em até 72 meses. Esta é a proposta do Cartão FNE, que será lançado pelo Banco do Nordeste na próxima terça-feira (dia 29), no auditório do Shopping Sebrae. De acordo com o superintendente do Banco na Paraíba, Wesley Maciel, o cartão é uma ferramenta que desburocratiza o crédito para investimento ou capital de giro, em um contexto de redução de investimentos pelos empresários.
Wesley Maciel destaca que a taxa de juros de 11,18% ao ano é a melhor do mercado, sendo mais baixa do que a própria Taxa Selic, que é de 14,25%. “Nós temos um bônus de adimplência para quem pagar sempre em dia. Neste caso, a taxa de juros cai a 9,5% ao ano. Este é o melhor recurso de investimento do país. Melhor até mesmo que o cartão do BNDES, pois a taxa é menor e o prazo para pagamento, maior”.
Segundo o superintendente do Banco do Nordeste no Estado, o objetivo é potencializar os investimentos na região Nordeste. Os recursos do cartão são públicos, oriundos do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE), e a taxa do cartão é a mesma utilizada para quem contrata um empréstimo pelo FNE.
Com o cartão, o empresário pode financiar bens, insumos ou matéria-prima, como é o caso do empresário Irenaldo Marques, proprietário da Casa do Sertão, em João Pessoa. Segundo ele, o crédito será usado na compra de matéria-prima para a produção das comidas típicas que produz e negocia em seu estabelecimento, como bolos, pamonha e canjica, entre outras. “Normalmente usamos o nosso capital de giro, mas com o cartão, teremos um fluxo de caixa melhor. Além disso, poderemos usar o recurso para a compra de maquinário, quando for necessária a troca”, conta ele.
Irenaldo Marques vai precisar de um capital de giro maior porque vai aumentar a produção para suprir a segunda loja que pretende abrir ainda este ano. “Nós terminamos uma reforma que fizemos em nossa área de produção, a partir de um empréstimo com recursos do FNE no valor de R$ 930 mil, e agora estamos estudando onde vamos abrir nossa segunda unidade porque a escolha do local é fundamental para o sucesso do negócio”, afirma.
Segundo o empresário, a ideia é abrir a loja antes do mês de maio, já que os dois meses seguintes são os de maior movimento do negócio, devido aos festejos juninos. A Casa do Sertão emprega 26 pessoas, sendo 14 apenas na produção.
Expectativa
O superintendente do Banco do Nordeste na Paraíba, Wesley Maciel, afirma que o cartão é exclusivo aos clientes do banco. Para ter acesso, o empresário deve procurar uma das 20 agências no Estado e fazer seu cadastro. “Com base no perfil do empresário, é delimitado um limite de crédito, que pode chegar a R$ 1 milhão. Nossa expectativa é emitir mil cartões de crédito neste ano”.
Para ter acesso ao cartão, os micro e pequenos empresários precisam estar registrados na Junta Comercial e desenvolver atividades produtivas nos setores industrial, comercial, turismo e de prestação de serviços, conforme classificação do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE). A empresa deve estar funcionando há, no mínimo, 12 meses e ser cliente do Banco do Nordeste.
Os empresários que querem fazer parte da rede credenciada do Cartão FNE do Banco do Nordeste, podem se cadastrar na internet e depois procurar as agências para se cadastrarem como fornecedores. “O Banco do Nordeste fez um trabalho prévio de cadastramento de empresários e já contamos com três mil fornecedores em toda a região, mas estamos abertos a todos que querem fazer parte da rede”, disse o superintendente do Banco do Nordeste na Paraíba, Wesley Maciel.
Como funciona o Cartão FNE:
- Limite de crédito – R$ 1 milhão;
- O Cartão FNE terá limite tanto para investimento quanto para capital de giro, sendo a soma dos dois sublimites o limite total do Cartão;
- Aquisição de bens novos (máquinas, equipamentos, veículos, móveis e utensílios), matérias-primas, insumos ou mercadorias necessários às atividades dos empreendimentos. O Cartão FNE não financia serviços;
- Prazo de pagamento varia de três meses a 72 meses;
- No caso de locadoras de veículos para o financiamento dos meios de transporte, o prazo varia de três meses a três anos;
- Valor mínimo de compra é de R$ 300, com prestação mínima de R$ 100;
- O limite do Cartão FNE poderá ser alterado anualmente, podendo ser ajustado para mais ou para menos.
FNE movimentou R$ 600 mi na PB
As taxas de juros dos financiamentos para investimentos em infraestrutura com recursos do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE) subiram 71,35%, em janeiro deste ano, sobre o ano anterior, o que reduziu o número de pedidos de empréstimos. A taxa para o perfil de micro e pequenas empresas passou de 8,24% ao ano para 14,12%. Contudo, em março deste ano, o índice caiu para 11,18%. Para as grandes empresas, a taxa praticada no início deste ano, de 15,29%, baixou para 12,95%.
“A decisão de reduzir as taxas de juros foi do Conselho Monetário Nacional (CMN), que é controlado pelo Banco Central. As lideranças empresariais do Nordeste protestaram contra a alta ocorrida em janeiro, argumentando que os novos índices trariam impactos negativos no desenvolvimento do Nordeste, indo contra a filosofia de fomentar a economia da região”, explicou o superintendente do Banco do Nordeste na Paraíba, Wesley Maciel.
Segundo ele, normalmente, os reajustes ocorrem uma vez ao ano. “Esta foi uma decisão extraordinária, mas quem contratou empréstimos com a taxa anterior, terá direito à redução. A dívida será recalculada e nenhum empresário será prejudicado”, afirmou o gestor.
A redução dos juros ocorreu no início de março e já teve uma boa resposta do empresariado. Wesley Maciel conta que a procura está bem maior que o esperado.
No ano passado, o Banco do Nordeste movimentou na Paraíba, com operações junto ao FNE, a quantia de R$ 631,457 milhões, alta de 14,89% sobre o ano anterior (R$ 549,588 milhões). Dentro do volume total das operações registradas no ano passado, R$ 146,973 milhões foram em transações com micro e pequenas empresas, uma representatividade de 23,27%.
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