VIDA URBANA
Relação afetiva entra em crise
Casais começam a se desentender logo após oficialização de união. Falta de cumplicidade está entre os fatores da desunião.
Publicado em 15/07/2012 às 16:01
Para a estudante de direito Rachel (nome fictício) e o marido Carlos (nome fictício), as brigas do casamento começaram na volta para casa após a lua de mel. “Na verdade a gente já brigava por qualquer coisa, era sempre assim. Quando tivemos a oportunidade de passar cinco dias juntos, em Natal, as discussões foram frequentes. Metade do tempo passamos brigados”, conta.
Já no novo lar, Rachel e Carlos não conseguiam chegar a um consenso sobre nada. “Brigamos pelo lado da cama, pela posição dos móveis, por quais presentes trocar”, afirma. Outro ponto que gerou atrito entre o jovem casal foi morar perto da família da noiva. “Carlos dizia que minha mãe se metia muito na nossa relação, e isso me incomodava, pois ela só queria ajudar”, declara.
E era assim em tudo. Faltava tolerância e bom senso dos dois. “Após uma briga feia, com seis meses de casamento, conversamos sério e decidimos que queríamos ficar juntos, mas os dois teriam que ceder”, explica. A psicóloga Karina Simões lembra que a dificuldade de conviver a dois começa a ficar latente pela diferença cultural, pela educação, etc. “A baixa tolerância e a frustração entre os casais é a maior causa da busca pela terapia cada vez mais cedo”, comenta.
Ela chama a atenção para o fato de que, hoje em dia, muitos casais já casam cada um com seu emprego, com seus respectivos carros, com seus imóveis (costumam alugar um para uma renda maior), etc. “E aí começam a vida, a princípio, sem grandes problemas de enfrentamento diário, bem diferente dos casais de antigamente, que para casar lutavam juntos por emprego, mal tinham carros, moravam de aluguel”, frisa. “Esses casais já passavam por dificuldades reais no início do casamento, e com isso se fortaleciam. Havia mais cumplicidade nos casais. Hoje as relações afetivas se tornaram líquidas, descartáveis”, avalia.
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