VIDA URBANA
Evasão: problema nas universidades
Evasão no ensino superior é um dos grandes problemas encontrados nas universidades públicas da Paraíba.
Publicado em 25/11/2012 às 8:00
Entre o curso superior e a estabilidade financeira, Igor Nobre preferiu a segunda opção. Ele abandonou o curso de Ciências Contábeis, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no sexto período, para tentar aprovação em um concurso público. A história de Igor expõe a realidade comprovada através do diagnóstico feito pela instituição de ensino com base nos dados do relatório de gestão do ano passado. A cada 100 alunos que ingressam na UFPB, apenas 39 concluem o curso superior.
A evasão no ensino superior é um dos grandes problemas encontrados nas universidades públicas da Paraíba e se repete na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), afetando principalmente a área das Ciências Exatas. “Eu entrei na faculdade muito jovem e quando vi a realidade do curso percebi que não teria nenhuma estabilidade financeira. Além disso, quando eu terminasse a graduação poderia inclusive ficar desempregado. Abandonei para fazer concurso e só penso em prestar um novo vestibular quando conseguir aprovação em um concurso melhor”, explicou Igor Nobre.
Conforme a reitora da UFPB, Margareth Diniz, com o abandono de cursos cerca de 60% dos recursos destinados a graduação são evadidos. A maior taxa de evasão é verificada nos cursos de engenharia e física. Segundo a reitora, a instituição ainda está fazendo levantamento para trabalhar com informações mais fidedignas e consequentemente solucionar o problema.
“Assim teremos uma informação mais precisa de quantos alunos entram e quantos saem de cada curso da nossa instituição. O prejuízo é altíssimo porque a missão prioritária da universidade é entregar profissionais competentes e qualificados ao mercado de trabalho e a evasão causa um déficit inestimável”, destacou Margareth Diniz.
Para a reitora, a taxa de evasão é lamentável e precisa imediatamente ser revista. “O meu entendimento é que a política de assistência estudantil há de ser mais inclusiva para evitar esse abandono. Nós temos um programa nacional de assistência estudantil que envia recursos a instituição para alimentação, moradia, inclusão digital, atenção à saúde do estudante. Se isso funcionar bem, creio que atenue um pouco a saída do estudante sem a conclusão do seu curso”, frisou Margareth.
Na UEPB, a situação não é diferente. Um diagnóstico referente a taxa de abandono está em fase de conclusão, porém, já foi verificado que os cursos de Matemática e Estatística lideram o ranking de abandono de curso. “O abandono acontece principalmente na área de Exatas. Matemática e Estatística são os cursos que apresentam o maior índice de abandono”, disse o pró-reitor de Graduação da UEPB, Eli Brandão.
Apesar da evasão, o pró-reitor não considera que o problema gere prejuízos à instituição de ensino. “O investimento é o mesmo que seria feito se a classe fosse formada por 40 alunos. Não se pode falar em prejuízo, em fechar o curso em decorrência da evasão, ao contrário disso, nós precisamos instruir muito bem os alunos que serão inseridos no mercado de trabalho”, destacou Eli Brandão.
Na UFCG, o abandono de curso é considerado apenas quando os alunos não se matriculam no curso e não comparecem às aulas. “Essa é situação que acontece em todas as instituições de ensino do país. Isso causa prejuízos à sociedade como um todo porque na hora que se configura o abandono de curso, a universidade passa a ter uma vaga ociosa”, revelou a pró-reitora de graduação, Hermília Ayres.
Maior acompanhamento aos alunos, investimentos em tutoria, biblioteca em pleno funcionamento, com livros atualizados são algumas apostas da reitora da UFPB, Margareth Diniz, para reduzir a taxa de evasão na instituição.
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