VIDA URBANA
Réus do assassinato do radialista Ivanildo Viana são absolvidos após júri popular
De acordo com advogado, não houve provas contra os réus e as investigações devem continuar.
Publicado em 28/02/2020 às 7:24 | Atualizado em 28/02/2020 às 15:36
Após 15 horas de julgamento, os sete acusados de participação no assassinato do radialista paraibano Ivanildo Viana foram absolvidos nesta quinta-feira (27) pelo 1º Tribunal do Júri da Comarca de João Pessoa. O júri popular dos réus teve início às 9h, no Fórum Criminal, sob a presidência do juiz titular da unidade judiciária, Marcos William de Oliveira.
Foram julgados e absolvidos Arnóbio Gomes Fernandes, mais conhecido como Sargento Arnóbio; Erivaldo Batista Dias, o Sargento Erivaldo; Olinaldo Vitorino Marques, o Sub Olinaldo; Eliomar de Brito Coutinho, popularmente conhecido como Má; Francisco das Chagas Araújo de Farias, o Cariri; Valmir Ferreira Costa, vulgo Cobra; e Célio Martins Pereira Filho, o Pê. Seis réus foram ouvidos e um está foragido.
Na fase de debates, o representante do MP pediu a condenação dos acusados Eliomar, como executor do crime, em concurso com os acusados Francisco das Chagas, Valmir e Célio, por crime de homicídio qualificado pelo motivo torpe e com emprego de recurso da surpresa, dificultando a defesa do ofendido. Na ocasião, o promotor de Justiça pediu a absolvição de Arnóbio, Erivaldo e Olinaldo, respectivamente, como autor intelectual e intermediários do assassinato, em razão da insuficiência de provas. A defesa, por sua vez, pediu a absolvição dos réus Eliomar de Brito, Francisco das Chagas, Valmir Ferreira e Célio Martins, sob a tese de negativa de autoria. Já em relação aos demais denunciados, ratificou a tese absolutória proposta pelo presentante do MP. O julgamento foi realizado na capital devido ao deferimento do desaforamento, apreciado pela Câmara Criminal do TJPB, em abril do ano passado, sob a relatoria do desembargador João Benedito da Silva.Entenda o caso
O crime aconteceu exatamente no dia 27 de fevereiro, só que de 2015. Na denúncia do Ministério Público da Paraíba (MPPB), Ivanildo Viana foi perseguido após sair da emissora de rádio em que trabalhava, sendo morto na BR-230 com quatro tiros, quando seguia com destino a João Pessoa. Em relatos feitos pela acusação, Eliomar de Brito Coutinho teria sido o responsável pelos disparos.
As investigações da polícia revelaram que o sargento Arnóbio teria encomendado a morte de Ivanildo por R$ 75 mil, intermediado pelo sargento Erivaldo e pelo sub Olinaldo. O pagamento seria depositado na conta de um presidiário identificado como Leonardo José Soares da Silva (Bode Roco) e rateado entre os envolvidos.
Em 2017, Célio Martins Pereira Filho se entregou à Polícia, durante a Operação Sintonia. Durante investigações, a Polícia Civil concedeu uma coletiva de imprensa e apontou Arnóbio Gomes Fernandes, ex-sargento da Polícia Militar e ex-vereador de Bayeux, como o mentor da morte de Ivanildo Viana. Preso em três megaoperações policiais na Paraíba, ele também teve o nome envolvido na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados, que investigou a atuação de grupo de extermínios no Nordeste.
Em agosto de 2010, o sargento Arnóbio foi um dos sete policiais presos na Operação Águas Limpas, deflagrada para desarticular grupos de extermínio na Paraíba. Dois anos depois, em setembro de 2012, o ainda PM foi um dos detidos na Operação Esqueleto. A ação conjunta das polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal deteve 42 pessoas suspeitas de envolvimento no tráfico e homicídios na Grande João Pessoa. Na época, o delegado responsável, Cristiano Jacques, disse que o PM fazia serviços de segurança particular para traficantes.
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