VIDA URBANA
'Não poderei comemorar', diz mãe sem renda que aguarda Auxílio Emergencial na PB
Milhares de mães afetadas pela pandemia de Covid-19 ainda não obtiveram respostas da Caixa sobre auxílio.
Publicado em 10/05/2020 às 13:00 | Atualizado em 10/05/2020 às 15:09
Nos últimos meses, por conta da pandemia de Covid-19, a situação de emergência em saúde tem dividido espaço com a emergência econômica, vivida por milhões de brasileiros que paralisaram suas atividades e ficaram sem renda financeira. Entre eles estão as milhares de mães chefes de família, que perderam o sustento e precisam continuar alimentando seus filhos, inclusive, neste Dia das Mães.
A esperança para muitas pessoas que estão sem poder trabalhar está depositada no Auxílio Emergencial do Governo Federal, que oferece uma renda fixa de R$ 600 durante três meses. No caso das mães chefes de família, ou seja, as que são responsáveis por manter todos os gastos familiares, o valor disponibilizado pelo governo durante a pandemia é de R$ 3.600, dividido em três parcelas mensais de R$ 1.200.
O problema é que grande parte das pessoas, inclusive das mães que solicitaram o benefício, não obtiveram resposta. O período de análise do pedido, quando a Caixa testifica se o solicitante tem direito ao benefício, pode durar semanas e até meses, e quando aprovado, o beneficiário corre o risco de encontrar longas filas para conseguir sacar o valor em agências da Caixa ou em casas lotéricas de todo o país.
Na Paraíba, infelizmente, essa realidade não é diferente. Até este domingo (10), Dia das Mães, Kiara Julia, 26, mãe solo de uma menina de seis anos de idade, não obteve retorno da Caixa sobre a solicitação que realizou para receber o Auxílio Emergencial. No caso dela o dinheiro também serviria para manter a casa e proporcionar algum tipo de alento nesta data simbólica que, segundo ela, “não poderá ser comemorada”.
A campinense realizou solicitação para receber o benefício no último dia 7 de abril. Até este momento, mais de um mês depois, o dados dela continuam sendo analisados pela Caixa Econômica. Ela não possui cadastro em programas governamentais, como Cadastro Única ou Bolsa Família, mas precisou parar de trabalhar por conta da pandemia de Covid-19 e está sem renda.
“Não está sendo fácil enfrentar essa pandemia, pois deixar de trabalhar e ter que ficar em casa é uma mudança muito radical. Principalmente para quem precisa do trabalho para se manter.”, lembra.
Enquanto não recebe o Auxílio Emergencial do Governo Federal, Kiara tem a ajuda financeira da família e dos avós paternos da filha, que segundo ela, sempre ajudam como podem. Além das dificuldades financeiras, a campinense também vai passar o Dia das Mães longe de sua filha e de sua mãe, seguindo as recomendações das autoridades de saúde acerca do isolamento social.
À espera de renda em meio a crise, a mãe solo também deseja que ao passar da pandemia do novo coronavírus, as pessoas tenham aprendido lições importantes, como valorizar não só coisas materiais.
“Quando tudo isso passar, espero que eu e todos nós possamos voltar as nossas atividades normais. Espero que isso tudo tenha servido de lição, e que as pessoas passem a dar valor ao que realmente tem valor.”, conclui.
O que diz a Caixa Econômica
A Caixa Econômica Federal ainda não dispõe de dados relacionados ao Auxílio Emergencial por região, estados e municípios do Brasil. No entanto, é possível saber que em todo o país, mais de 50,1 milhões de brasileiro realizaram cadastro no aplicativo do auxílio e 50 milhões já foram beneficiados. Infelizmente, uma parte das pessoas que tentaram obter o dinheiro ainda não tiveram sucesso.
Sobre as solicitantes que são mães solo, a superintendente regional de rede da Caixa Econômica Federal, Aline Paiva, explicou ao JORNAL DA PARAÍBA que elas devem permanecer acompanhando o andamento da solicitação por meio do aplicativo ‘Caixa Auxílio Emergencial’, ou através do site da organização, disponível neste endereço eletrônico.
Ainda de acordo com Aline Paiva, conforme previsto na legislação, a Caixa prioriza as gestantes, lactantes e pessoas com crianças de colo, bem como outras categorias prioritárias, em atendimentos presenciais. No entanto, ela não informou sobre a prioridade dada às análises deste grupo específico nas solicitações feitas em vias digitais, como o Auxílio Emergencial.
Caso o benefício seja negado às mães chefes de família e elas tenham convicção que possuem direito de recebê-lo, o correto a se fazer, ainda segundo a superintendente regional da Caixa, é realizar a contestação no aplicativo ou no site do programa. Ela também lembra que deve-se ter atenção no ato de preenchimento dos dados pessoais, pois uma vez que documentados incorretamente, pode-se haver mais demora na verificação, ou receber validação como sendo ‘dados inconclusivos’.
A porta voz da Caixa concluiu desejando que as mães permaneçam tendo fé e esperança em dias melhores, lutando pela sobrevivência dos filhos ainda mais neste período de pandemia pelo qual o mundo está passando.
Sob supervisão de Jhonathan Oliveira*
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