POLÍTICA
Profissionais que lutam contra a Covid -19 em JP protestam por melhorias salariais
Manifestação veio como resposta á prefeitura, que deu gratificações apenas para médicos.
Publicado em 29/05/2020 às 10:44 | Atualizado em 29/05/2020 às 13:42
Um grupo de profissionais de saúde que atuam na linha de frente do combate ao novo coronavírus (Covid-19), em João Pessoa, realizou, na manhã desta sexta-feira (29), um protesto para pedir melhorias salariais e condições dignas de trabalho. O ato aconteceu em frente à Secretaria Municipal de Saúde. Com cartazes, faixas e empunhando cruzes, eles cobram redução de carga de trabalho sem perda salarial, realização de concurso público, além da concessão de uma gratificação extra, como a que deve ser concedida aos médicos.
A preocupação ganhou força na categoria depois que o prefeito Luciano Cartaxo (PV) editou uma Medida Provisória instituindo uma gratificação temporária para médicos do município que estão atuando contra a Covid-19. Conforme o texto da MP, os servidores ativos que ocupem o cargo efetivo de médico e que estiverem em efetivo exercício nas atividades diretamente relacionadas ao enfrentamento da pandemia vão ter uma Gratificação Temporária de Emergência em Saúde Pública (Gtesp) que variam de R$ 2 mil a R$ 5,3 mil de acordo com a carga horária do servidor.
Segundo a organização do movimento, alguns profissionais estão indo até as unidades de saúde com sintomas da Covid-19 e estão retornando sem a realização dos testes. Eles também questionam o local cedido para o descanso dos profissionais, que estariam sendo alojados em espaços com cerca de 30 pessoas, o que ofereceria risco a eles.
Entidades criticam
Após a publicação numa edição especial do Semanário Oficial de João Pessoa, pelo menos três entidades que representam trabalhadores da área da saúde na Paraíba publicaram notas de repúdio contra a exclusão de outras categorias que estão no 'front', como enfermeiros, auxiliares de enfermagem, nutricionistas etc.
O Conselho Regional de Nutricionista 6ª Reunião (CRN-6) disse que “a medida representa uma discriminação profissional, uma vez que diminui os demais profissionais da saúde que estão arriscando suas vidas para levar assistência a todos os pacientes”.
A entidade afirma que os nutricionistas exercem uma assistência nutricional adequada, “apontada como fator fundamental para recuperação de pacientes acometidos pela Covid-19” e solicita que “haja uma correção deste equívoco pela Prefeitura de João Pessoa, e que o nutricionista e todos os demais profissionais da saúde sejam incluídos na MP”.
O Conselho Regional de Enfermagem da Paraíba (Coren-PB) também se posicionou por meio de uma carta aberta à sociedade. No texto, a entidade diz que manifesta “profundo repúdio com flagrante desrespeito com os profissionais de enfermagem”.
Segundo a carta, a prefeitura ignorou “lamentavelmente” os técnicos de enfermagem e enfermeiros, “justamente as maiores vítimas no enfrentamento a Covid-19”. Conforme o Coren-PB, 303 profissionais de enfermagem estão afastados com suspeita de infecção, 89 estão em tratamento com diagnóstico positivo e três morreram pela Covid-19.
Outra entidade que também publicou nota de repúdio à Medida Provisória foi o Conselho Regional de Serviço Social do Estado da Paraíba - 13ª Região (Cress-PB). O órgão diz que o processo de cuidado em saúde é coletivo e, para tanto, é necessário o investimento em ações que possam incidir sobre as diversas categorias envolvidas no processo.
O Cress-PB entende que o ato é discriminatório e que “desconsidera o árduo e penoso trabalho que todas as outras categorias profissionais desenvolvem no enfrentamento à pandemia”. A entidade exige “respeito e valorização à categoria de assistentes sociais e, assim, que seja garantida a todas as outras categorias a gratificação concedida pela prefeitura”.
A Prefeitura de João Pessoa divulgou uma nota informando que após o protesto recebeu representantes de sindicatos e conselhos dos profissionais. No encontrou ficou definido que, ainda nesta sexta, serão apresentadas as propostas por parte das categorias, a serem avaliadas pelo poder público municipal. Segundo a prefeitura, a medida integra o plano de ação para os servidores da área que atuam na linha de frente no enfrentamento à Covid-19.
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