POLÍTICA
Bolsonaro confirma que testou positivo para Covid-19
Ele tem 65 anos e faz parte da faixa etária considerada por especialistas como grupo de risco.
Publicado em 07/07/2020 às 12:32 | Atualizado em 07/07/2020 às 15:17
O presidente Jair Bolsonaro confirmou, nesta terça-feira (7), que o exame realizado por ele para detectar se ele está com Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, deu positivo. O presidente tem 65 anos e faz parte da faixa etária considerada por especialistas como grupo de risco. A informação foi anunciada em coletiva na área externa do Palácio do Planalto, em Brasília.
Bolsonaro se submeteu ao exame nesta segunda-feira (6) após apresentar alguns sintomas como febre e dores no corpo e, por isso, decidiu fazer exame. Bolsonaro também disse que fez uma radiografia e que o pulmão "estava limpo". O presidente disse que chegou a ter febre de 38 graus, mas que, à noite, a temperatura começou a ceder. Afirmou também que sentiu mal-estar e cansaço. Ele disse que agora está se sentindo "perfeitamente bem".
De acordo com o presidente, ele tomou cloroquina, remédio que vem defendendo como tratamento para a Covid-19. Não há comprovação científica da eficácia da cloroquina para a doença. "Estou bem, estou normal, em comparação a ontem, estou muito bem. Estou até com vontade de fazer uma caminhada, mas, por recomendação médica, não farei", afirmou. Ao final da entrevista, o presidente chegou a tirar a máscara que usava, segundo ele, para mostrar que estava bem.
Desde o início da pandemia no país, no fim de fevereiro, Bolsonaro vem descumprindo orientações de autoridades de saúde sobre medidas de prevenção do contágio. Em uma transmissão ao vivo no Twitter do Palácio do Planalto, nesta terça-feira, Bolsonaro disse que vai cumprir o isolamento para evitar contaminar mais pessoas. A primeira-dama, Michele Bolsonaro, fez exames para avaliar se foi infectada pela doença.
https://twitter.com/planalto/status/1280519143788347393
Aglomerado
Nos últimos quatro meses, Bolsonaro provocou aglomerações ao visitar o comércio de rua em Brasília e em visitas a cidades do entorno do Distrito Federal. Ele também participou de manifestações a favor do governo. Em diversas dessas ocasiões ele não usou máscara, posou para fotos, tocou nas pessoas.
No sábado (4), o presidente, ministros e um dos filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), participaram de almoço promovido pela embaixada dos Estados Unidos no Brasil em comemoração à independência norte-americana.
Na ocasião, os participantes posaram para fotos sem máscaras. Em uma das imagens, Bolsonaro aparece abraçado ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. A embaixada norte-americana informou que o embaixador Todd Chapman não apresenta sintomas e "fará os testes".
Também no sábado, o presidente viajou para Santa Catarina, onde sobrevoou áreas atingidas por um ciclone na semana passada. Conforme fotos divulgadas pelo Palácio do Planalto, o presidente, usando máscara, apertou a mão de uma mulher, caminhou ao lado de políticos e fez foto ao lado de funcionários do aeroporto.
'Gripezinha'
"Em 24 de março, em pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, Bolsonaro chamou a covid-19, doença provocada pelo coronavírus, de "gripezinha".
"No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado com o vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho", afirmou na ocasião."
Outros testes
Desde março Bolsonaro fez outros três testes para detecção do coronavírus. O primeiro foi realizado após retornar de viagem aos Estados Unidos, na qual mais de 20 pessoas que tiveram contato com a comitiva tiveram a doença.
Em maio, em uma ação movida pelo jornal "O Estado de S. Paulo", o governo federal entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) os laudos dos três exames, todos com resultado negativo.
Os exames foram entregues ao STF porque o presidente anunciou várias vezes que os resultados eram negativos, mas se recusava a mostrar os laudos.
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