VIDA URBANA
Professora vira alvo de investigação por LGBTfobia após declarações em rede social
Denúncia contra Lourdes Rumanelly foi apresentada por comissão da OAB-PB.
Publicado em 15/07/2020 às 12:04 | Atualizado em 15/07/2020 às 18:35
A Polícia Civil da Paraíba instaurou na terça-feira (14) um inquérito para investigar a professora Lourdes Rumanelly Mendes dos Reis, depois que ela deu declarações supostamente LGBTfóbicas numa live realizada no dia 1º de julho, no perfil pessoal dela em uma rede social. A investigação foi aberta na Delegacia Especializada contra Crimes Homofóbicos e Intolerância Religiosa, após denúncia protocolada pela Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Paraíba (OAB-PB).
Lourdes Rumanelly é bióloga por formação, professora em escolas de João Pessoa e atua também como teóloga. Em uma série de lives que vinha realizando, discutia questões biológicas sob a ótica da religião cristã, quando teceu críticas sobre homossexualidade e transsexualidade.
Procurada para se manifestar sobre a investigação, a professora não atendeu as ligações telefônicas. No entanto, quando as declarações dela viralizaram nas redes sociais, ela se manifestou por meio de nota, onde afirma que as lives foram uma iniciativa não extensiva às escolas onde ensina. Lembrou também que tem 13 anos de magistério e que nos vídeos vinha abordando um diálogo entre religião e ciência, com o objetivo de mostrar que ambos dialogam entre si. E disse ainda que o intuito era “expor o que as ciências naturais dizem acerca da constituição do sexo do indivíduo, endossando o que a Bíblia também relata sobre o tema” e ponderou que não tinha a intenção de desrespeitar "os membros da comunidade LGBTQI+”.
Segundo o advogado José Baptista de Melo Neto, que preside a Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB-PB e registrou o boletim de ocorrência na Polícia Civil, gerou repercussão na internet o vídeo em que a professora se referiu às “práticas ditas não reprodutivas” por termos diversos como “aberração”, “perversão”, “prática repugnante”, “imoralidade”, “corrupção do corpo”, “abominação” e “pecado”. Algo que, de acordo com o ele, incorreria em crime, principalmente depois que o Supremo Tribunal Federal decidiu em 2019 equiparar o crime de LGBTfobia ao de racismo.
Ainda de acordo com o jurista, o fato da live ter sido transmitida no Instagram potencializa o alcance do crime, até porque a própria professora pediu para que seus seguidores dessem mais visibilidade ao vídeo, a partir de compartilhamentos na rede social.
O delegado Marcelo Falcone, que está à frente do caso, declarou à reportagem que tem até 30 dias de prazo para concluir o inquérito instaurado. O primeiro ato é iniciar o levantamento de provas e, depois, a professora será convocada para prestar depoimento à polícia. Antecipou que a professora pode ser indiciada e o caso irá para a justiça, onde ela deve responder judicialmente.
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