ECONOMIA
PB vai exportar carne de abate religioso para países da África e Oriente
Em franca expansão, a avicultura paraibana inicia a exportação no segundo semestre para países muçulmanos do Oriente Médio e da África com o chamado abate religioso.
Publicado em 13/03/2011 às 18:39
Jean Gregório
Do Jornal da Paraíba
Em franca expansão, a avicultura paraibana inicia a exportação no segundo semestre para países muçulmanos do Oriente Médio e da África com o chamado abate religioso. A Guaraves Alimentos, que detém a marca do frango Bom Todo, já possui contratos previamente acertados com Mauritânia e Moçambique no segundo semestre. Outros países como Japão e África do Sul também estão na mira da empresa paraibana, quinta maior do Nordeste, cuja matriz fica em Guarabira.
O diretor da Guaraves, Ivanildo Coutinho, que já recebeu xeiques da Mauritânia em Guarabira e também retribuiu a visita, diz que os contratos estão praticamente fechados. “A estimativa é de vendermos inicialmente dez contêineres com foco no frango griller (pequeno).
A empresa já possui o SIF (Serviço de Inspeção Federal) e as documentações necessárias, mas aguarda o processo que habilita a Guaraves na Lista Geral do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento voltado para a exportação. Somente com o visto poderemos exportar para os países interessados em nossos produtos, notadamente o Oriente Médio, África e também o Japão”, declara o empresário, ao informar que o ritual do abate ‘halal’ será realizado por muçulmanos a cada exportação.
A certificação halal atesta que determinado produto ou alimento foi produzido dentro das determinações da lei islâmica. Neste tipo de abate, o peito do frango deve estar voltado para a Meca e o corte, em formato de meia lua, feito por um instrumento afiado. Com a face voltada para Meca, antes do abate, os supervisores dizem a oração: “Em nome de Alá, o mais bondoso, o mais misericordioso”.
O alimento é considerado halal (permitido para consumo), quando obtido de acordo com os preceitos e as normas ditadas pelo Alcorão e pela Jurisprudência Islâmica. Esses alimentos não podem conter ingredientes proibidos, tampouco parte deles.
De olho na abertura do mercado internacional, os custos do abate religioso ficarão por conta da Guaraves. “Esse primeiro semestre é de preparação. Até julho, chegaremos com um abate médio de 100 mil aves/dia, o que vai garantir espaço para exportação sem comprometer o mercado interno regional. Temos pretensões de aumentar nosso valor agregado nas exportações para o Japão com frango pesando, em média, 2,8 quilos”, revela Ivanildo. Atualmente, a indústria, que possui mais de 1,8 mil empregados, abate 70 mil aves/dia, mas tem capacidade para 150 mil.
Segundo Ivanildo Coutinho, o procedimento do abate voltado para o Oriente Médio será supervisionado por fiscais muçulmanos enviados por centros islâmicos existente no país. “Esses fiscais vão garantir que o abate está sendo feito da maneira correta em cada lote”, lembrou.
Para as indústrias de avicultura, o mercado muçulmano é promissor e gigantesco. Atualmente, inclui um 1,8 bilhão de consumidores no mundo. O islamismo já é a segunda maior religião em adeptos. Fundada pelo profeta Maomé, os seguidores baseiam o seu modo de vida nos ensinamentos de seu livro O Alcorão ou Corão.
O mercado de produtos Halal em 2010, segundo a Ubabef (União Brasileira de Avicultura), mostra que o Oriente Médio se manteve como o principal destino para a carne de frango do Brasil, atualmente o maior exportador de frango do mundo. O Oriente Médio importou 1,3 milhão de toneladas, seguida pela Ásia, com um milhão de toneladas. A África superou a União Européia em volume com compras de 495,3 mil toneladas.
O frango é dentre todas as carnes a que tem mais aceitação no mercado internacional não só pelo seu gosto e maciez, mas também por questões religiosas e até financeiras de alguns países mais pobres como Mauritânia e Moçambique, visto que tem um valor agregado menor do que a carne bovina.
As grandes empresas de aves como a Sadia, Perdigão e a Frango Sul possuem unidades de abate halal e não-halal.
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