VIDA URBANA
Inquérito sorológico: 10% da população da PB já teve contato com coronavírus
Estudo também mostra que maior prevalência do vírus é entre pessoas de zero a 11 anos.
Publicado em 12/01/2021 às 18:45 | Atualizado em 13/01/2021 às 12:22
Foi concluído o inquérito sorológico feito pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) e de acordo com o relatório divulgado nesta terça-feira (12), um percentual de 10% da população da Paraíba já teve contato com o novo coronavírus. Com relação à variável idade, o estudo mostra que a maior prevalência do vírus é entre pessoas com faixa etária entre zero e 11 anos, representando 16,40%. Ao todo, 130 municípios participaram da investigação que aconteceu entre 3 de novembro e 22 de dezembro de 2020.
A pesquisa ‘Continuar Cuidando’ foi uma iniciativa do Governo da Paraíba, em parceria com o Observatório de Síndromes Respiratórias da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Para chegar a estes números, foram realizados testes rápidos e entrevistas com habitantes da Paraíba, noss quais foi identificado o anticorpo IgG. Os anticorpos do tipo IgG são produzidos posteriormente pelo organismo e geralmente aparecem a partir do 15º dia de contágio. Eles podem permanecer por meses ou anos no nosso organismo.
O relatório final também traz informações separadas por grupos: socioeconômicas (sexo, idade, renda, macrorregião de saúde, trabalho, escolaridade, renda); hábitos de higiene/proteção (se saiu de casa, uso de máscara, uso de álcool); e comorbidades (diabetes, hipertensão, doença no coração, obesidade, outra doença crônica).
De acordo com a investigação, a 1ª Macrorregião de Saúde, excluindo as cidades de João Pessoa, Santa Rita, Bayeux e Cabedelo, tem a maior ocorrência de casos de Covid-19, com 15,2%. A Grande João Pessoa aparece com 13,3%, seguida da 3ª Macro, com 7,1% e da 2ª Macro, com 4,7%. Para as estimativas, segundo a variável sexo, a pesquisa aponta que 8,7% da população de homens e 11,2% da população de mulheres apresentam IgG positivo.
Em relação à condição de trabalho, o inquérito sorológico mostra quase uma semelhança da existência do anticorpo IgG em pessoas com trabalho regular ou com horário fixo, com 9,4%, e de pessoas fora do mercado de trabalho, que não trabalham e não procuram ativamente por trabalho, com 9,7%.
A variável renda aponta que não há muita diferença entre os extremos sociais, pois a estimativa é que 8,8% da população com renda igual ou inferior a R$ 1 mil e 8,5% da população com renda acima de R$ 5 mil já tiveram contato com o vírus.
De acordo com o secretário executivo da Saúde, Daniel Beltrammi, esse dado mostra que a classe média ficou muito mais tempo exposta ao vírus do que as classes menos favorecidas.
“Houve um hiato entre março e maio marcado pela classe média predominando nas infecções, enquanto a periferização do vírus avançava. Então ela ficou mais exposta à carga de doença mesmo. Mas mesmo assim, quando analisamos a faixa de renda até mil reais, a velocidade de periferização e contágio foi tão maior que ela praticamente recuperou a mesma carga de doença com maior velocidade”, falou.
Sobre a variável idade, o inquérito aponta que a maior prevalência do vírus é entre o grupo de pessoas com faixa etária entre zero e 11 anos, que aparece com 16,40%. O relatório também apresenta que a presença do anticorpo IgG positivo em menores de cinco anos é de 14,2%. A segunda maior prevalência de casos está na faixa etária entre 50 e 59 anos, com 10,7%, seguida do grupo de pessoas de 60 anos ou mais, com 9,8%. Para Daniel, a dependência da mãe, ou de um adulto, criou uma porta aberta para o vírus.
“À medida que a criança vai crescendo, ganhando mais autonomia, se tornando mais independente e se cuidando mais, ela fica menos exposta. Aqui fica o questionamento do que poderia ter acontecido com essa prevalência se as creches, escolas e instituições de ensino no geral não tivessem suas atividades presenciais suspensas. A gente teria construído algo em torno de 30% de prevalência média”, disse.
O inquérito aponta que 14% da população que nunca usou máscara possui resultado positivo para o anticorpo IgG. Esse dado muda para 10% entre as pessoas que sempre usaram. Para Daniel Beltrammi, o uso da máscara se mostrou protetor.
“A Paraíba termina como o primeiro estado que fez um inquérito de soroprevalência com 10% da população acometida, algo entre 400 mil pessoas foram alcançadas pelo vírus e pra chegar a esse número, o vírus já ceifou 3.800 vidas. Se caminharmos nesse ritmo, para atingirmos os 60% restantes para os 70% da imunidade de rebanho, serão muitas outras vidas perdidas. Portanto, pedimos aos paraibanos que continuem usando máscara, lavando as mãos e mantendo o distanciamento entre as pessoas”, finalizou.
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