COTIDIANO
Paraibana luta contra o câncer pela 4ª vez e acolhe outras mulheres com a doença
História de vida de dona Zezé é um exemplo de superação neste 8 de março, Dia da Mulher.
Publicado em 08/03/2021 às 7:36 | Atualizado em 08/03/2021 às 13:45
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Mulher é sinônimo de força, luta e muita resistência. É quem materna, cuida e acolhe, ainda que não tenha forças pra isso. Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, muitas histórias de superação e luta chegam ao nosso conhecimento. Histórias de acolhimento, que ilustram a capacidade feminina de lutar, vencer, e ajudar a vencer, quantas vezes for preciso.
Como a de Maria José Rodrigues, de 56 anos. Natural de Campina Grande, no Agreste da Paraíba, ela é personagem principal de um dessas enredos de superação que emocionam e inspiram. Apesar de todas as dificuldades e dos inúmeros problemas de quem já recebeu diagnóstico de câncer quatro vezes, ela continua acolhendo. E não desanima.
Em 2013, após sentir fortes dores abdominais, 'dona Zezé’, como carinhosamente é chamada, descobriu um câncer no fígado. O médico responsável, no entanto, alertou que o diagnóstico era apenas o início de uma jornada, por ao que tudo indicava, o tumor no fígado na verdade já era consequência de algum outro local.
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Mesmo após a cirurgia, ela continuou sentindo dores fortes e não conseguia se sentir plenamente bem. Foi então que a suspeita médica se comprovou. Um câncer ainda mais agressivo foi descoberto no intestino, e uma batalha ainda mais dura estava prestes a começar.
Dona Zezé deu início aos tratamentos contra os dois tumores, de maneira simultânea. À medida em que fez a cirurgia no intestino, continua passando por sessões de quimioterapia para tratar o tumor no fígado. Passou por inúmeras consultas médicas, chegou a pesar apenas 38kg, mas um desafio ainda maior estava por vir.
Em 2017 ela descobriu um câncer de mama. Conhecido por atingir diretamente o sentimento de “feminilidade” das mulheres, no caso de dona Zezé, o tumor na mama foi ainda mais agressivo. Ela conta que, entre todos os tratamentos que precisou fazer, os procedimentos contra o câncer de mama foram os piores.
“A pior quimioterapia que fiz foi a da mama. Tomei os medicamentos de 21 em 21 dias, e passei uma média de 12 dias a 13 dias em cima de uma cama. Senti enjoo, fraqueza, muitas dores... Se não fosse forte, não aguentaria. Mas não desisti”, conta.
Foi na época do tratamento contra o câncer de mama que dona Zezé enxergou no voluntariado uma possibilidade de dar a volta por cima. Recém criada, a ONG Mulheres de Peito, que fornece apoio psicológico e médico na prevenção e tratamento do câncer de mama em municípios paraibanos, abriu as portas pra dona Zezé.
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O Hospital da FAP, que desde o início de sua luta contra o câncer se tornou um lar, passou a ser também um lugar para ela 'ressignificar' a dor. Com muita força de vontade, dona Zezé passou a acolher outras mulheres portadoras de câncer. Percebeu que sua dor poderia ajudar a sarar as dores de outras pessoas.
“Comecei a botar uma banquinha na ala de oncologia da FAP pra vender os produtos e arcar com os tratamentos. Nessa barraquinha, passei a ouvir mais as histórias dessas mulheres, e muitas vezes, ao ouvir minha história, quem estava chorando começava a rir”, comenta.
No entanto, após 20 sessões de quimioterapia, 30 sessões de radioterapia, e inúmeras consultas médicas, dona Zezé, infelizmente, recebeu mais um diagnóstico de câncer. Dessa vez no pulmão, em 2020, ano em que o mundo conhecia uma nova ameaça à saúde, que atinge diretamente o sistema respiratório: o novo coronavírus.
Por conta da pandemia, o trabalho voluntário precisou ser adaptado, mas não ficou de lado. Dona Zezé conta que passou a participar de mais palestras online, dar o depoimento em vídeos, mandar mensagens pra mulheres que estão enfrentando o câncer em um contexto tão mais difícil. E o tratamento contra o câncer no pulmão continua, com todos os cuidados necessários, a lentos passos, mas com muita, muita esperança.
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“Continuo levando minha vida normal. Não coloco na cabeça que tenho câncer. Mas, por mais forte que sejamos, somos humanas, então fico mal sim. Só que estou vencendo, estou dizendo a outras mulheres que elas podem vencer também. Tem que que levantar a cabeça, enfrentar e dizer ‘eu vou ficar boa’. Se você baixar a cabeça, é pior porque essa doença é terrível”, diz.
Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a história de dona Zezé se cruza com a de tantas outras mulheres que, além dos anseios provocados pela pandemia e das lutas particulares, enfrentam o câncer. Um exemplo de força, sororidade e, porque não, de esperança? Afinal, 'superação' é sinônimo de 'mulher'.
“Somos são guerreiras. Superamos tudo. Independente de qualquer doença, problema, levantamos a cabeça e temos fé. Eu caio e me levanto quantas vezes for preciso. Sou mulher”, conclui.
*Sob supervisão de Krys Carneiro
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