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COTIDIANO

Areia, Capital Paraibana da Cachaça e berço da Matuta, completa 175 anos

De pai pra filho e com muita história, a marca tornou-se parte da identidade local.

Publicado em 18/05/2021 às 7:50 | Atualizado em 18/05/2021 às 12:12


                                        
                                            Areia, Capital Paraibana da Cachaça e berço da Matuta, completa 175 anos
Engenho da Cachaça Matuta em Areia (Foto: Divulgação)

				
					Areia, Capital Paraibana da Cachaça e berço da Matuta, completa 175 anos
Engenho da Cachaça Matuta em Areia (Foto: Divulgação). Engenho da Cachaça Matuta em Areia (Foto: Divulgação)

Tudo começou com os tropeiros, no início do século XVIII. Naquela época, as mercadorias eram levadas de um lado a outro do país no lombo de mulas e cavalos. Na hora do descanso, as tropas buscavam lugares estratégicos para o pernoite. Foi assim que surgiu a povoação de Areia (PB), como ponto de parada de viajantes que iam do Sertão ao Litoral comercializando produtos. Foi só em 18 de maio de 1846 que a Capital Paraibana da Cachaça ganhou a alcunha de cidade, e agora, em 2021, ela completa 175 anos.

O título não é à toa, já que Areia é a quarta cidade com o maior número de engenhos do país. A história da Cachaça Matuta, uma das principais produtoras da bebida na região, mistura-se com a identidade do lugar. Matuto era o nome dado ao tropeiro que comprava cachaça a granel nos engenhos e vendia no interior da Paraíba e estados vizinhos. Sua figura é parte do imaginário popular da época, assim como o som da moenda e o aroma doce da cana recém-moída.

Areia sempre foi terra de inovações. É berço de nomes ilustres como o pintor do icônico “O Grito do Ipiranga”, Pedro Américo, e o escritor e político José Américo de Almeida. Na vanguarda da cultura, o lugar foi o primeiro da Paraíba a ter um jornal impresso em circulação, além de ostentar o belíssimo Teatro Minerva, o primeiro do estado. Sempre à frente de seu tempo, a cidade foi a segunda do Brasil a abolir a escravidão, dez dias antes da Princesa Isabel assinar a Lei Áurea.

Com 618 metros acima do nível do mar, caminhar pelas ruas que acompanham o sobe e desce das serras é um deleite. A arquitetura colonial conta a história dos tempos áureos da cana, quando os senhores de engenho construíram os belos casarões, hoje tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Talvez as temperaturas amenas, que podem chegar aos 12°C no inverno, tenham inspirado a iguaria local. Nada como uma boa cachaça para esquentar um dia frio, e isso Areia tem aos montes.

O Engenho Vaca Brava, onde hoje é produzida a Cachaça Matuta, fica localizado na zona rural da cidade e está em funcionamento desde o século XIX. Das memórias afetivas de cinco gerações de cachaceiros nasceram as ideias inovadoras que hoje projetam a cachaça areiense no cenário nacional. O engenho esteve nas mãos do sr. Aurélio Leal Freire, que depois passou a direção do negócio à geração seguinte.

Da mente criativa de Aurélio Jr., ou só Júnior, como prefere ser chamado, veio o insight que trouxe mais uma vez o título de pioneira a Areia. A Matuta foi a primeira marca do Brasil a vender cachaça de alambique envasada em lata. A ideia foi tida como loucura antes do lançamento, mas um bom areiense nunca tem medo de inovar.

De pai pra filho, a tradição dos alambiques, tão característica da região, está mais viva que nunca. A Matuta hoje produz cachaças premiadas nacionalmente, algumas envelhecidas em barris de madeiras como umburana, bálsamo, jequitibá, ipê, castanheira e jaqueira. A bebida vem tomando o seu espaço, despontando como uma nova tendência nesse mercado.

Imagem

Jhonathan Oliveira

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