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COTIDIANO

João Pessoa e seu artesanato vão ser tema de debate em congresso internacional

Objetivo da professora Valnora Leister é entender como o setor pode impulsionar a cidade.

Publicado em 26/05/2021 às 7:22 | Atualizado em 26/05/2021 às 9:34


                                        
                                            João Pessoa e seu artesanato vão ser tema de debate em congresso internacional

				
					João Pessoa e seu artesanato vão ser tema de debate em congresso internacional
Valnora Leister, professora. Valnora Leister, professora

João Pessoa vai ser tema de debate nesta quarta-feira (26) na 39ª edição do Congresso Internacional da Associação de Estudos sobre a América Latina (Lasa, na sigla em inglês). A professora Valnora Leister, uma paulista que há mais de 30 anos mora nos Estados Unidos, vai apresentar uma palestra no evento às 18h (no horário da capital paraibana), intitulado “João Pessoa, uma cidade criativa brasileira”, que vai abordar os desafios da capital paraibana para que ela consiga se desenvolver como cidade sustentável e para fortalecer ainda mais o artesanato local.

Valnora Leister é bacharel e mestre em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, e tem também um segundo mestrado e um doutorado em Direito Internacional pela Universidade McGill, em Montreal, Canadá. Ela trabalhou por 25 anos no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e foi nessa época que passou a se interessar em como a cultura digital pode unir os países de língua portuguesa. Atualmente, é professora de Cultura Brasileira e Português numa universidade dos Estados Unidos e seu interesse por João Pessoa começou mais ou menos por volta de 2010.

Naquela época, ela visitou o município para participar de um evento acadêmico na Universidade Federal da Paraíba. Nas horas vagas, conheceu espaços como a Feirinha de Tambaú, o Mercado de Artesanato Paraibano e a Praia de Jacaré. Encantou-se. “É uma cidade muito interessante”, aponta.

Em meio a isso, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) vinha selecionando o que a entidade chama de “cidades criativas” (atualmente são pouco mais de 240 mundo afora), um título que reconhece o município como um que tem potencial para promover o desenvolvimento sustentável e a inclusão social a partir de áreas culturais distintas. Em 2017, João Pessoa se tornou uma das 10 cidades criativas brasileiras reconhecidas pela Unesco, mas a única do país que está inclusa dentro do campo do artesanato. Foi daí que Leister passou a intensificar suas pesquisas sobre a realidade pessoense.

A palestra da pesquisadora estará dentro do painel “Economia política nas cidades da América Latina”, e em seu debate ela quer discutir como o desenvolvimento de pontos de cultura pela cidade e como uma melhor comunicação entre as diferentes esferas de governos podem impulsionar o artesanato local paraibano, algo que pode impactar diretamente na vida de mais de 5 mil famílias que vivem do setor.


				
					João Pessoa e seu artesanato vão ser tema de debate em congresso internacional

A professora, que, entre outros, é autora de um livro que aborda como a cultura digital pode unir os países de língua portuguesa, e que vem analisando o papel do setor cultural na Agenda 2030 da ONU (que definiu uma série de metas para que os países atinjam até essa data para tornar o mundo mais sustentável), quer entender o que pode ser melhorado nessa relação de João Pessoa com outras cidades do mundo. Como a cultura pode servir para esse fim. E como isso pode gerar dividendos ao artesanato local.

Para Valnora Leister, pois, o problema é justamente na falta de uma coordenação nacional para essas ações. Algo que, segundo ela, ficou ainda mais evidente com a pandemia de Covid-19.

“João Pessoa é um exemplo de cidade envolvida nesses programas e com grande potencial criativo, mas a pandemia escancarou a falta de coordenação entre o Governo Federal e os municípios e entre o Governo Federal e os diferentes organismos internacionais.

Ela cita, por exemplo, um projeto do BID que desde 2019 investe em João Pessoa como “cidade sustentável”, e que tem o objetivo de criar na cidade um centro de cooperação que vai servir para auxiliar e impulsionar associações, ONGs, micro e pequenas empresas da região, dotando-as de mais tecnologia, mais estratégias econômicas. Mas o projeto acabou não avançando na velocidade esperada justamente por causa dessa dificuldade de comunicação.

É preciso, de acordo com a pesquisadora e professora, um novo estilo de governança.

“Existe uma baixa coordenação entre as cidades. Apesar de todos os programas existentes, falta apoio do Governo Federal. Existe a necessidade de não se politizar a pandemia”, pontua.

O evento da Lasa deveria ter acontecido em maio do ano passado em Guadalajara, no México, mas foi adiado por causa da pandemia de Covid-19. Agora, acontece de forma totalmente virtual, podendo ser acompanhado pelo portal da entidade. Não só as palestras, mas também festivais de filmes e outras iniciativas culturais.

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Phelipe Caldas

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