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VIDA URBANA

Pacientes transplantados mostram que é possível ter vida normal

Mesmo seguindo o tratamento com disciplina, o fato de terem passado pelo transplante não os diferencia em nada das demais pessoas quando o assunto é seguir a vida.

Publicado em 08/02/2015 às 13:45

A estudante de nutrição Shirley Ferreira se desdobra ao longo do dia entre o estágio em uma clínica, aulas na universidade e atividade física. Essa é uma rotina normal para muitos jovens na idade dela, mas para Shirley, manter-se ocupada e sentir-se útil todos os dias se tornou uma realidade há oito anos, quando recebeu um transplante de rim.

A jovem conta que começou a fazer hemodiálise em 2004 e passou quatro anos na fila de espera por um transplante, até que conseguiu um novo rim e teve a chance de recomeçar. No ano em que Shirley Ferreira passou pela cirurgia, 11 pessoas também receberam um rim. Entre os transplantes de órgãos realizados na Paraíba, o transplante de rim é o segundo mais comum e no período de 2004 até 2014, 268 procedimentos com este tipo de órgão foram realizados no Estado, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde.

Para a jovem estudante, ganhar um novo órgão significou o retorno da vida normal e de novas possibilidades. Além do trabalho e estudo, ela reserva um tempo para ficar mais perto da família e ainda dedica um espaço na agenda para ajudar outros pacientes que estão na espera pelo recomeço. “Foram quatro longos anos de espera até o transplante, literalmente parada no tempo. Quando finalmente o fiz, percebi o quão importante é minha vida, o quanto a desperdicei com pequenas coisas, o quanto a minha família me ama e tão grande é o Deus que tenho. Hoje estudo, trabalho no que amo, tentando ajudar os que ainda continuam em hemodiálise”, reforça a estudante.

O estudante do curso técnico em Edificações Alex Carneiro, de 41 anos, também retomou as atividades do dia a dia após passar oito anos por hemodiálise e conseguir um novo rim, em 2009. Ele conta que a boa saúde revelada nos laudos satisfatórios dos exames que faz periodicamente surpreende até os médicos que o acompanham.

“Eu sigo todas as orientações e sei o meu limite, mas não deixo de seguir minha vida normalmente, com trabalho, estudos, viagens. A única coisa que não posso é comer carambola, que tem uma enzima que é prejudicial para quem fez transplante de rim ou tem algum problema renal”, brincou Alex Carneiro, que além do estudo faz serviços extras relacionados à área que pretende atuar.

A boa recuperação e qualidade de vida demonstrada por Shirley Ferreira e Alex Carneiro é resultado de quem segue as orientações médicas e toma os devidos cuidados para que o órgão não seja rejeitado ou sofra com infecções. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), Lúcio Pacheco, não há como prevê a estimativa de vida de pacientes transplantados. Contudo, ele lembrou que os avanços na Medicina, como novos procedimentos cirúrgicos e melhor qualidade das medicações, tem ajudado na reabilitação desses pacientes.

“Não temos como medir o tempo de vida do novo órgão, mas com os avanços na Medicina vemos que essa expectativa é maior hoje do que há dez anos. A dificuldade do transplantado é equilibrar o organismo para evitar a rejeição e infecções. Ele consegue levar uma vida normal, mas com algumas restrições”, explicou Lúcio Pacheco.

Para Shirley e Alex resta o agradecimento aos familiares dos doadores que devolveram a eles a rotina de uma vida normal e incentivam a doação de órgãos. “ Vocês não imaginam o quanto ainda podem continuar "vivendo" e trazendo felicidade e liberdade para tantas pessoas através de um transplante de órgãos”, declarou a estudante.

Uma nova chance de continuar a vida

O dia 23 de junho tem um significado especial para o aposentado Paulo Rohr, de 58 anos, que mora no bairro do Geisel, em João Pessoa. Na data em que muita gente aproveita os festejos juninos, ele lembra o momento em que, há cinco anos e meio, ganhava a chance de continuar a vida, um coração novo. “Gosto de viver. Adoro a vida e Deus me presenteou com uma nova chance”, declarou Paulo.

Com a vida de militar do Exército que levou durante mais de 20 anos, ele conserva até hoje os hábitos saudáveis, como manter uma alimentação balanceada e fazer atividades físicas. Para os momentos de lazer, caminhadas, pescaria e um bom churrasco aos finais de semana. “Como gaúcho que sou tem que ter um churrasco pelo menos uma vez por semana. Outra coisa que não abro mão é a pescaria. Onde tiver mar, eu pesco”, brinca o aposentado, ao lembrar das praias do Litoral Sul paraibano.

A vida do aposentado é intensa. Como ele mesmo se refere, “as 24 horas são poucas para fazer tanta coisa” e a necessidade do transplante de coração, devido a uma miocardiopatia dilatada de grau severo, reforçou nele o sentimento de aproveitar cada minuto. Ao ter a notícia de que receberia o novo órgão, doado pela família de um rapaz de 23 anos que morreu em um acidente de motocicleta, ele conta que a primeira coisa que fez foi procurar a família do jovem para agradecer.

“Com o problema que eu tive, não podia sequer subir um lance de escada que ficava cansado. Essa família foi um presente na minha vida e fiz questão de agradecê-los. Hoje, considero os irmãos do doador meus irmãos também e sempre mantenho contato com eles”, disse.

Tratamento deve ser seguido com muita disciplina

A vitalidade expressada por Paulo, Shirley e Alex também é resultado de disciplina com o tratamento permanente que deve ser seguido à risca por quem é transplantado. Medicações especiais para evitar que o corpo rejeite o novo órgão e periódicas ao médico especialista estão entre os principais cuidados dos pacientes.

A médica nefrologista e diretora-geral da Central de Transplantes da Paraíba, Gyanna Lys Montenegro, lembra que o novo órgão pode ser rejeitado pelo organismo independentemente do tempo de transplante . Por isso, essas medidas preventivas são importantes para a manutenção da saúde do transplantado. “As restrições são particulares para cada órgão. Os pacientes transplantados devem tomar os imunossupressores por toda a vida, pois eles garantem que o organismo não rejeite o órgão recebido. Às vezes, acontece do paciente receber o novo órgão e pensar que não deve tomar mais os remédios. Com essa negligência ele pode apresentar crises de rejeição e perder o novo órgão, mesmo muito anos depois do transplante”, explicou a médica.

Mesmo com algumas restrições (alimentares ou uso de determinados medicamentos) e tratamento contínuo, Gyana Lys reforça que as pessoas transplantadas podem seguir uma rotina de vida normal, inclusive trabalhando e praticando exercício físico. Contudo, com orientação médica. Segundo ela, a volta a vida ativa é importante para a reintegração social do paciente.

“Os transplantados podem fazer atividades físicas, voltar ao trabalho, estudar, ter uma vida normal. Para quem fez um transplante de coração, por exemplo, o médico cardiologista é quem vai liberar qual a atividade física que esse paciente poderá fazer e o tempo que esse exercício será iniciado. No caso dos transplantados de rim, deve-se ter cuidado com a dieta, não negligenciar o uso de remédios e ir ao médico especializado regularmente”, alertou nefrologista.

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Jornal da Paraíba

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