VIDA URBANA
Creches públicas têm fila de espera por vaga na Paraíba
Dados do Conselho Tutelar Norte, de João Pessoa, mostram que há 200 pais em busca de vagas nos Creis.
Publicado em 03/03/2015 às 4:20 | Atualizado em 21/02/2024 às 12:32
Ter um filho pequeno, precisar trabalhar, mas não ter onde deixá-lo. Essa é a realidade de muitos pais que esbarram na dificuldade de encontrar vagas nas creches da região Norte de João Pessoa, que abrange bairros, como Centro, Tambiá, Roger, Ipês e Mandacaru.
Apesar da ampliação de oferta de creches na cidade, com a construção de novas unidades, segundo o Conselho Tutelar da região, há locais com aproximadamente 200 pais na fila de espera por uma vaga. Rafaela Sales, 27 anos, mora no bairro dos Ipês e com o filho de 1 ano e 8 meses, desespera-se ao pensar na necessidade de trabalhar e não ter onde deixar o menino.
“Eu estou procurando emprego, mas ao mesmo tempo fico apreensiva de conseguir e não ter onde deixar meu filho. Já fui na creche, aqui próximo, mas me informaram que não tem vaga. Não sei o que fazer”, relatou.
Já Leidjane da Cunha, 25 anos, tem três filhos, sendo dois em idade de matricular em creche, e já perdeu a oportunidade de um emprego porque não tinha onde deixá-los enquanto passava o dia fora trabalhando.
“Eu já tentei vaga para os dois meninos, mas só recebo não. Já perdi até emprego porque não tinha onde deixá-los. Eu preciso trabalhar, mas também preciso de um local seguro para meus filhos ficarem enquanto eu estiver fora”, denunciou.
A moradora da comunidade Jardim Mangueira, em Mandacaru, Marciela Pereira Santos, 21 anos, enfrenta a mesma dificuldade. Ela já tem um filho de 3 anos, está grávida e precisa trabalhar, mas há um ano espera por uma vaga na creche do bairro e até o momento não conseguiu.
“Desde o ano passado, que busco uma vaga para matricular meu filho, mas não consigo. A direção só diz que não há vaga e que eu aguarde na lista de espera. O pior é que preciso trabalhar, mas não tenho família aqui, nem conheço ninguém para deixar meus filhos. Está muito difícil para mim”, relatou.
Na esperança de mudar esse cenário, Marciela procurou o Conselho Tutelar da região Norte, na manhã de ontem. Segundo o presidente do conselho, Luiz Brilhante, essa tem sido a atitude de muitos pais que se encontram com dificuldades de conseguir vagas em creches.
“Todas as creches dessa região sofrem com esse problema. A prefeitura tenta solucioná-lo, abrindo exceções em casos mais graves, mas a lista de espera é grande. Há unidades que contam cerca de 200 pais na lista tentando matricular o filho. Atendemos cerca de 8 pais por dia, em busca de vagas”, afirmou.
Brilhante destacou que é notável o esforço do município em ampliar o número de vagas em creches por meio de novas construções, mas que estas não têm chegado à região Norte, popularmente habitada por pessoas carentes e de baixa renda.
“Ainda não construíram creche nessa área, que é muito carente e as pessoas precisam desse serviço. Nos preocupamos com essas famílias, que não têm onde deixar as crianças para poder trabalhar. Além disso, essas crianças precisam de educação”, ressaltou.
Uma proposta do Conselho Tutelar Norte, que pretende amenizar a carência de vagas nas creches, é a ampliação de salas de aula na unidade João Tota, que inclusive, segundo o conselheiro Luiz Brilhante, já foi apresentada à prefeitura.
"Nossa proposta é que a creche João Tota seja reformada para ganhar mais salas de aula, pois tem uma área grande de terreno que é inutilizada. Essa seria uma solução viável e rápida a curto prazo”, afirmou.
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