CONVERSA POLÍTICA
Decreto mais flexível em João Pessoa deixa 'bode na sala' para o governador João Azevêdo
Publicado em 03/06/2021 às 8:28 | Atualizado em 30/08/2021 às 18:55
Por LAERTE CERQUEIRA e ANGÉLICA NUNES
Os decretos de João Pessoa e do estado, em alguns pontos, não conversam.
Três pontos se destacam: o horário de funcionamento de bares e restaurantes, até 21h; a manutenção de parques, praias e praças abertos durante o dia; e abertura das academias.
O governo estadual, por outro lado, decretou o fechamento de bares e restaurantes às 16h, academias, durante a semana, e recomendou fim de "circulação de pessoas" nas áreas públicas de lazer. Tudo para diminuir ao máximo, em duas semanas, o movimento de pessoas nas ruas.
Deu pra ver que o governador João Azevêdo (Cidadania) e o prefeito Cícero Lucena (PP) não sentaram para conversar, para afinar os pontos como aconteceu em outros momentos. O resultado foi um "bode na sala" para tirar.
Se fossem adversários, era fácil. Mas como são aliados, o que vai acontecer agora? O governo estadual vai entrar na Justiça para que o decreto mais restritivo seja respeitado? Como aconteceu em Campina Grande, com Bruno Cunha Lima (PSDB), que, à época, era mais flexível e não aceitava a rigidez das medidas estaduais.
Cícero, cedendo às pressões, por convicção e entendimento divergente, coloca, inevitavelmente, o governador na posição de algoz. Isso, se ele for para o enfrentamento. Porque é assim que ele será visto pelo setor produtivo se entrar na Justiça para fechar academia e diminuir o horário de funcionamento dos bares. E a Justiça tem feito valer o decreto mais restritivo.
O governador, por razões óbvias, precisa pensar no estado todo. As regras são praticamente iguais para alguns cenários municipais diferentes.
No caso de João Pessoa, além da pressão empresarial, natural quando se quer defender a própria "sobrevivência", o prefeito e autoridades têm dito que a vacinação está avançada e isso vai evitar que, mesmo com um quadro de mais liberdade, não haja um "boom" de casos.
Outro ponto: o prefeito da capital diferencia ocupação de leitos de João Pessoa e ocupação de leitos da Região Metropolitana de João Pessoa. Para ele, é preciso levar isso em conta na hora de adotar as medidas.
E tem ainda a taxa de contaminação (transmissibilidade), que autoridades de Saúde da capital alegam ser bem menor do que a de outros municípios.
Cada um tem seus motivos e justificativas, mas poderiam ter encontrado um consenso, algo mediano, para evitar que agora esse bode fique berrando na sala.
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