CONVERSA POLÍTICA
Decisão de não punir Pazuello gera risco de anarquia e politização do Exército, diz cientista político
Publicado em 04/06/2021 às 15:37 | Atualizado em 30/08/2021 às 18:55
Por LAERTE CERQUEIRA e ANGÉLICA NUNES
A decisão do exército de "passar a mão na cabeça" do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, após participar de ato político, no último dia 23, com presidente Jair Bolsonaro gera um risco de anarquia militar e politização do Exército.
Esse é o entendimento de muitos especialistas e do cientista político, e colunista da CBN Paraíba, Augusto Teixeira.
Militares da ativa das Forças Armadas não podem participar desse tipo de atividade política e, mesmo descumprido a norma, de acordo especialistas e militares reformados, como o vice-presidente Hamilton Mourão, Pazuello não recebeu nem a punição mínima, a advertência.
Comandante do Exército avaliou que 'não houve transgressão disciplinar' e arquivou caso. No ato que gerou o procedimento disciplinar, Pazuello chegou a subir em um carro de som com Bolsonaro e fazer um breve discurso.
O receio é que se abra um precedente para insubordinação e/ou uso planejado, programado e calculado das instituições militares para fins políticos. Um receio de que o Exército Brasileiro vire o Exército de Bolsonaro. Ex-capitão, eleito como presidente civil, que dia sim e dia não ameaça usar as Forças Armadas para fazer impor os seus desejos pessoais, por entendimentos divergentes de seus adversários políticos.
Sobre as instituições militares, o professor lembra que as Forças Armadas são regidas e calcadas na disciplina e na hierarquia.
"E são, por definição constitucional, instituição de estado e não devem se submeter aos caprichos e desmandos de governo. De modo que existe uma retaguarda constitucional para sua ação apartidária. Pois bem, esse véu foi rompido, infelizmente, com uma crise ainda aberta com o próprio comandante, o governo e as forças de oposição", explanou.
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