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Calvário x Famintos: semelhanças e diferenças entre as duas operações que abalam a política da PB
Publicado em 06/08/2019 às 11:04 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:46
Investigações são realizadas pelo GAECO, Polícia Federal e Ministério Público Federal
A comparação é inevitável e deverá ser um dos temas mais presentes nas discussões políticas até o próximo ano. Os dois maiores agrupamentos políticos do Estado têm gestões como alvo de investigações que podem modificar o futuro político da Paraíba. No caso da Operação Calvário, a Administração estadual. Na Famintos, a gestão municipal de Campina Grande. Entre os dois casos há diferenças e similaridades. Vejamos algumas:
Denúncias graves em áreas essenciais
Tanto a Operação Calvário quanto a Famintos têm em comum a apuração de denúncias graves, em áreas essenciais de qualquer administração: a Saúde e a Educação, respectivamente. A 'devassa' nos contratos do Estado com a Cruz Vermelha e outras organizações sociais rastreia um montante de R$ 1 bilhão. Já a investigação desencadeada em Campina apura valores de contratos que chegam a R$ 25 milhões. Proporcionalmente, considerando os orçamentos do Estado e da Prefeitura de Campina Grande, as situações são semelhantes.
Investigações profundas
No caso da Calvário a investigação é comandada pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público da Paraíba, uma referência no Brasil em termos de investigação. Os relatórios e a abundância de provas documentais, com filmagens e outros métodos investigativos são impressionantes. Já na Famintos o trabalho é feito pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. Fala-se em milhares de horas de gravações telefônicas. Apenas o relatório preliminar (um resumo) tem 800 páginas.
Andamento das investigações
A Calvário está bem mais adiantada. Várias fases já foram realizadas e até denúncia já foi apresentada pelo Ministério Público. No caso da Famintos, a realidade é diferente. Até agora o que se viu foi apenas o início da apuração.
Prisões nos núcleos de Governos
As duas operações tiveram repercussão direta nas gestões e levaram para a prisão secretários fortes nas duas Administrações. Livânia Farias, ex-secretária de Administração da Paraíba, foi presa na Calvário. Iolanda Barbosa, ex-secretária de Educação de Campina Grande, alvo de um mandado de prisão temporária na Famintos. A Calvário ainda tem outros ex-secretários investigados, a exemplo de Gilberto Carneiro e Waldson de Souza. Já a Famintos resultou no afastamento do secretário de Administração do município, Paulo Roberto Diniz.
Formas 'inusitadas'
A investigação da Calvário identificou, por exemplo, que o dinheiro desviado foi colocado até em caixa de vinho. Já a Famintos descobriu um verdadeiro 'laranjal' de empresas, que prestavam serviço ao poder público. O esquema investigado na Calvário tinha por base Organizações Sociais. Na Famintos eram empresas que ditavam as supostas fraudes.
Arremate
As duas investigações apresentaram, até agora, indícios fortes da prática de crimes graves contra a Administração Pública; com suspeita de envolvimento, inclusive, de agentes públicos nas fraudes. No campo judicial, muita coisa ainda deve ser descoberta. Na seara política, sem dúvidas, a Calvário e a Famintos estarão na pauta diária de opositores e situacionistas, revelando, infelizmente, uma imagem não muito boa da Administração Pública no Estado.
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