COTIDIANO
Motorista do ex-secretário de Administração diz que levava documentos para 'laranja' assinar
Publicado em 10/08/2019 às 13:11 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:45
Informação foi prestada por motorista em depoimento à Polícia Federal, durante interrogatórios da Operação Famintos
Um dos depoimentos colhidos pela Polícia Federal durante a deflagração da Operação Famintos pode ajudar os investigadores a descobrirem como funcionaria o suposto esquema de fraudes em licitações investigado pelo Ministério Público Federal. O motorista do ex-secretário de Administração da Prefeitura de Campina Grande Paulo Roberto Diniz, José Lucildo da Silva, afirmou aos policiais que levava documentos (supostamente contratos) para o marchante Rosildo de Lima Silva assinar, na cidade de Massaranduba.
Rosildo é apontado como 'laranja' pelo Ministério Público Federal e seria o dono, no papel, da empresa Rosildo de Lima Silva EPP, investigada na Operação Famintos. O empreendimento recebeu, de várias prefeituras paraibanas, R$ 17,9 milhões em contratos para o fornecimento de merenda e gêneros alimentícios.
Ainda de acordo com o depoimento, as ordens para levar os documentos para serem assinados por Rosildo eram dadas pelo ex-presidente da Comissão Permanente de Licitação do município, Helder Giuseppe. "Que conhece Rosildo pelo fato de ter que algumas vezes levar contratos para Rosildo assinar. Que levava tais documentos na residência de Rosildo, em Massaranduba. Que recebia ordens de Helder Giuseppe para levar documentos para Rosildo assinar", transcreveram os investigadores.
O motorista, no entanto, disse desconhecer o conteúdo da documentação. A informação de que os papéis seriam contratos, segundo o depoimento dele, foi dada por Helder Giuseppe.
Motorista diz que ex-secretário dava expediente na Comissão de Licitação
Um outro ponto que chamou a atenção dos investigadores, dito pelo motorista José Lucildo, é o de que o ex-secretário Paulo Roberto Diniz daria expediente, no turno da tarde, na Comissão de Licitação do município - na Rua João Moura, 528.
O motorista também admitiu aos policiais federais que conhecia os empresários Frederico de Brito Lira e Flávio Souza Maia. Os dois seriam, de acordo com as investigações do MPF, os verdadeiros administradores da empresas Delmira Feliciano Gomes ME e Rosildo de Lima Silva EPP.
Outro Lado
O advogado do ex-secretário de Administração Paulo Roberto Diniz, Félix Araújo Filho, rechaçou a informação de que o ex-secretário daria expediente na Comissão de Licitações. "Paulo Roberto não dava nenhum expediente na Comissão. O fato de ir no prédio não significa que ele dava expediente na Comissão, já que lá havia outros setores da Administração. Não há nenhum sinal de qualquer ilicitude", esclareceu Félix.
Ainda de acordo com o advogado, o ex-secretário não tinha qualquer tipo de ingerência sobre a Comissão de Licitações da prefeitura. "Não havia nenhuma ingerência sobre as funções do presidente Helder, enquanto presidente da Comissão de licitação", afirmou. O blog procurou os advogados do ex-presidente da Comissão de Licitação, Helder Giusepe, mas ainda não conseguiu ouvi-los.
Operação Famintos
As investigações foram iniciadas a partir de representação autuada no MPF, que relatou a ocorrência de irregularidades em licitações na Prefeitura de Campina Grande (PB), mediante a contratação de empresas “de fachada”. Com o aprofundamento dos trabalhos pelos órgãos parceiros, constatou-se que desde 2013 ocorreram contratos sucessivos, que atingiram um montante pago de R$ 25 milhões.
Além da merenda escolar, as contratações incluíam o fornecimento de material de higiene e de limpeza para outras áreas de governo (Saúde, Assistência Social e outras áreas). A CGU, durante auditoria realizada para avaliar a execução do PNAE no município, detectou um prejuízo de cerca de R$ 2,3 milhões, decorrentes de pagamentos por serviços não prestados ou aquisições de gêneros alimentícios em duplicidade no período de janeiro de 2018 a março de 2019.
Comentários