COTIDIANO
Vereador preso e empresários faziam encontros para 'lotear' merenda escolar de CG, diz delator
Publicado em 22/08/2019 às 17:26 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:43
Vereador foi monitorado por equipes da PF e teve conversas grampeadas com autorização judicial
As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) durante a segunda fase da Operação Famintos revelam que o vereador Renan Maracajá (PSDC), alvo de um mandado de prisão juntamente com outras sete pessoas na manhã desta quinta-feira (22), chegou a se reunir com outros empresários para 'lotearem' o fornecimento da merenda escolar em Campina Grande.
Na segunda fase das investigações o foco é a distribuição dos alimentos diretamente para as escolas do município, mais de 100 unidades escolares no total. No relatório do MPF, os investigadores afirmam que o parlamentar tinha uma participação ativa nas negociações. Ele seria o administrador, de fato, da empresa Lacet Comercial, que teria participado de várias licitações com o município.
"Embora Renan Tarradt Maracajá formalmente não seja mais sócio da Lacet, ele ainda administra a empresa, de modo que Renan Oliveira Felix e André Nunes de Oliveira Lacet (também preso) são, ao que tudo indica, “laranjas” utilizados para ocultar o controle de Renan Tarradt Maracajá sobre a pessoa jurídica. Isso foi confirmado por meio dos documentos apreendidos na residência de Renan Tarradt Maracajá e na sede da Lacet Comercial quando da execução das medidas de busca e apreensão cumpridas por meio da Operação Famintos", relata o documento.
Em depoimento à Polícia Federal, o empresário Marco Antônio Querino da Silva (Macarrão), investigado e preso na primeira fase da Famintos, relatou encontros que manteve com o vereador e outros empresários, para tratar das licitações. Ao G1PB, os advogados de Renan Maracajá disseram que irão se reunir com a família do parlamentar, para emitir uma nota a respeito da prisão. Na primeira fase das investigações, por meio de nota, o vereador negou qualquer tipo de envolvimento com o esquema.
Famintos 2
A Segunda fase da Operação Famintos tem a participação da Controladoria-Geral da União (CGU), da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF). O objetivo é combater a prática de crimes de fraude à licitação, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e de corrupção, na aquisição de gêneros alimentícios e merenda escolar para alunos da rede municipal de ensino de Campina Grande.
A investigação iniciou-se a partir de representação autuada no MPF relatando a ocorrência de irregularidades em licitações realizadas para a compra de merenda escolar por meio de verbas oriundas do PNAE, mediante a contratação de empresas “de fachada”, o que deu ensejo à primeira fase da Operação.
Considerando as informações e a documentação colhidas na primeira fase da operação, existiu o aprofundamento dos trabalhos pelos órgãos parceiros (CGU, MPF e PF), constatando-se que os investigados, além de fraudarem as licitações, promoviam a combinação entre si para a divisão irregular do fornecimento dos gêneros alimentícios para as escolas da rede municipal de ensino de Campina Grande.
Na tentativa de ocultar as transações realizadas entre as empresas contratadas formalmente pelos Conselhos Escolares e os reais fornecedores dos gêneros alimentícios, o grupo investigado utilizava-se de contas bancárias pertencentes a pessoas físicas, para as quais eram repassados os pagamentos recebidos das escolas. Os trabalhos contam com a participação de 04 auditores da CGU e cerca de 60 policiais federais, sendo cumpridos 14 mandados de busca e apreensão, 05 de prisão temporária e 03 de prisão preventiva.
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