PLENO PODER
Esquema para 'furar fila' em hospitais é faceta cruel das revelações feitas na Calvário
Publicado em 09/01/2020 às 12:18 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:49
Delator diz que deputados, vereadores e aliados indicavam pacientes que deveriam ser priorizados em unidades hospitalares
As revelações feitas por delatores no âmbito da Operação Calvário são estarrecedoras. Mas o último trecho divulgado ontem, do depoimento de Daniel Gomes, ex-dirigente da organização social que administrava o Hospital de Trauma de João Pessoa, narra uma das práticas mais cruéis que teriam sido implementadas na gestão de unidades hospitalares da Paraíba: a priorização no atendimento de pacientes por indicações políticas.
Na prática, os pedidos de deputados, vereadores e aliados políticos 'furariam' as filas de espera por atendimentos e exames, bastante conhecidas por milhares de paraibanos que já precisaram dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Uma prática repugnante e que pode ter resultado no agravamento dos problemas de saúde ou até na morte (quem sabe?) de outros pacientes que não eram 'agraciados' com as indicações.
"Outra prática comum do governo Ricardo Coutinho era a determinação de atendimento e realização de exames médicos prioritários a determinados pacientes indicados por seu grupo político. De fato, me recordo que a secretaria do Hospital de Trauma de João Pessoa possuía uma lista de pessoas que eram atendidas por demanda dos políticos da base do governo. Inicialmente, deputados e vereadores da base contatavam diretamente a secretaria do Hospital de Trauma ou o Superintendente da CVB, quando havia um caso mais delicado", relata Daniel Gomes, em sua delação premiada.
Ele também afirma que contratações e demissões de servidores, que trabalhavam para as organizações sociais, eram feitas - em alguns casos - com base no alinhamento político. Outra prática reprovável.
Daniel diz que entregou uma planilha com a lista de deputados, agentes políticos e seus pedidos de atendimentos ao Ministério Público. Os dados precisam ser apurados porque, afinal de contas, a saúde é um direito universal e todos os pacientes merecem ser tratados com isonomia e eficiência pelo Poder Público. Escolher quem receberá atendimento e fechar os olhos para longas filas de espera é cruel.
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