COTIDIANO
Pioneirismo marcou trajetória de Carlos Roberto de Oliveira
Publicado em 31/10/2016 às 6:41 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:45
Morreu Carlos Roberto de Oliveira.
O jornalista, publicitário, homem de marketing e editor de livros teve um enfarte e morreu na tarde deste domingo (30) enquanto era atendido pelos médicos do Hospital da Unimed, em João Pessoa. Estava com 74 anos.
Eu era um menino de 10 anos, em 1969, quando conheci Carlos Roberto. Ele, com menos de 30, era o dono da melhor loja de discos que João Pessoa já teve. Foi na Stop que comprei muitos dos meus primeiros LPs. Era atendido por seu irmão, Roberto Carlos, e, algumas vezes, pelo próprio Carlos.
A história de Carlos Roberto é notável. Menino pobre do bairro de Cruz das Armas, começou a adquirir conhecimento nos anos do seminário. Foi professor antes de partir para o jornalismo. De revisor a diretor do velho Correio da Paraíba, dos tempos de Teotônio Neto.
Um resumo para os que não o conheceram, sobretudo os mais jovens: seminarista, professor, jornalista, publicitário, homem do marketing, das pesquisas de opinião, da propaganda política, do turismo, da radiofonia, editor de livros.
Tudo o que fez tinha uma marca de pioneirismo. Isso era admirável nele. A Paraíba deve muito a Carlos Roberto. As relações do poder com a mídia passam por ele, por sua cultura, por sua inteligência, por sua capacidade intelectual, por suas habilidades.
Nos últimos tempos, estava editando histórias em quadrinhos para o público infantojuvenil. A série Primeira Leitura contemplou inicialmente vultos da Paraíba. Na expansão para Pernambuco, começou pela vida de Luiz Gonzaga, cujo roteiro é de minha autoria, com ilustrações de Megaron Xavier.
Ao longo de mais de 40 anos, sempre encontrei Carlos para conversas marcadas pela erudição, pelo bom humor, pela cordialidade. A minha experiência com o projeto Primeira Leitura foi extremamente prazerosa. Como resultado, já recebera uma nova encomenda: Tom Jobim em quadrinhos.
No feriado de 12 de outubro, passamos a tarde conversando. Falou das viagens que ainda queria fazer, dos livros que pretendia editar, das coisas que realizou, da vida que lhe restava. Estava cheio de planos. Para os próximos 10 anos, me disse.
Mas houve algo de premonitório naquela longa conversa. Como se ele tivesse consciência da morte próxima.
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